Mulher de Tito, primeira-dama da Iugoslávia, morre aos 88 anos
BELGRADO, 20 Out (Reuters) - Jovanka Broz, que durante três décadas foi a mulher de Tito e primeira-dama da antiga Iugoslávia, morreu neste domingo em um hospital de Belgrado.
A TV estatal RTS disse que Jovanka Broz morreu de problemas cardíacos. Ela tinha 88 anos e, desde a morte de Josip Broz Tito, em 1980, vivia esquecida e isolada numa casa aos pedaços do Estado na capital sérvia, sem passaporte ou carteira de identidade. Nascida na Croácia, Broz foi enfermeira na Segunda Guerra, secretária pessoal de Tito e sua terceira mulher a partir de 1952.
Tito era 32 anos mais velho que ela e presidiu a federação de 22 milhões de pessoas durante a Guerra Fria. Diferentemente de outros líderes sisudos do bloco comunista, Tito e a sua mulher viviam com glamour.
Tito morreu três dias antes de completar 88 anos. O seu funeral reuniu estadistas do Leste e do Oeste, incluindo a britânica Margaret Thatcher e o soviético Leonid Brezhnev.
A sua mulher já havia sido tirada dos olhares públicos no fim dos anos 1970, à medida que a elite do partido ficava cada vez mais suspeita da sua influência sobre o idoso marido.
Logo depois do funeral de Tito, as autoridades confiscaram as propriedades e pertences do casal e colocaram Broz praticamente em prisão domiciliar numa casa dilapidada do governo em Belgrado.
Com o fim da Guerra Fria, a viúva viu as tensões nacionalistas dividirem a Iugoslávia na década de 1990. Uma década de guerras e violência que deixou mais de 125 mil mortos.
Nacionalistas minaram o legado e a reputação de Tito, num esforço para apagar o lema "Irmandade e Unidade", que marcou a Iugoslávia.
Em 2006, depois de um apelo público da irmã de Broz, o governo da Sérvia consertou o telhado e reconectou o aquecimento na casa da antiga primeira-dama.
Em 2009, ela conseguiu um passaporte sérvio. Foi vista uma vez no mausoléu de Tito num aniversário da morte do marido.
Numa entrevista a um jornal sérvio, ela absolveu marido de responsabilidades pelo isolamento que sofreu ainda no fim do governo Tito. "Tito me amou até a morte", disse ela. De acordo com o jornal, ela queria ser enterrada ao lado do marido.