Pela Páscoa, cristãos ignoram a guerra por curto tempo na Síria
DAMASCO, 19 Abr (Reuters) - O som de batalhas ecoava nos arredores da cidade, enquanto os cristãos de Damasco celebravam o fim de semana de Páscoa, ignorando brevemente o conflito durante o ritual anual.
As portas da igreja ortodoxa síria de São Jorge --a apenas alguns minutos a pé de uma escola, onde um ataque de morteiro matou várias crianças e feriu dezenas de outras no começo dessa semana-- havia incenso queimando enquanto vários homens fardados e armados estavam de patrulha, antes da celebração da noite da Sexta-Feira Santa. Eles estavam rindo e conversando e não verificaram carteiras de identidade ou bolsas quando as pessoas entraram.
Dentro das muralhas da Velha Cidade, onde a igreja está localizada, as ruas de paralelepípedos fervilhavam com pessoas jantando e fazendo compras, uma visão rara que lembrava Damasco antes da guerra.
No entanto, a tradicional procissão, que geralmente tem centenas de fiéis seguindo uma efígie de Jesus na cruz, acompanhada por tambores e uma banda da igreja, foi cancelada.
Cristãos, muitos pertencentes a antigas seitas encontradas apenas na Síria, representam cerca de dez por cento da população do país. A maioria teme o poder crescente de grupos islâmicos lutando com o movimento rebelde para derrubar o presidente Bashar al-Assad, embora muitos também estejam desconfiados das autoridades.
Apenas uma pequena porcentagem de cristãos pegou em armas de cada lado de uma guerra civil que contrapõe as minorias, especialmente a seita Alawita de Assad, um ramo do islamismo Xiita, contra a maioria muçulmana Sunita.