Renan deve convocar sessão do Congresso para CPI mista da Petrobras, diz senador
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deve convocar uma sessão do Congresso Nacional, ainda nesta semana, para instalar uma CPI mista para investigar a Petrobras, disse um senador peemedebista nesta terça-feira (6).
Renan tomou a decisão em um jantar com senadores do PMDB na segunda-feira, depois de avaliar que não teria como barrar a criação de uma comissão composta por deputados e senadores para investigar a estatal, segundo relato desse líder que falou sob condição de anonimato.
Outro motivo que estaria por trás da decisão de Renan seria o desgate político que a resistência a uma CPI mista está causando a senadores, em especial do PMDB, e não ao governo.
"Não queríamos mais aguentar esse fardo", disse o peemedebista.
A decisão de Renan, porém, não deve interromper a instalação de uma CPI exclusiva do Senado para investigar a Petrobras. Para essa comissão, o presidente do Senado já pediu aos líderes que indiquem os nomes que vão integrá-la.
Não está descartado, no entanto, um acordo entre líderes da Câmara e do Senado, numa reunião que deve ocorrer nesta terça, para que seja instalada apenas uma das CPIs.
Até então, o governo trabalhava com a possibilidade de instalar apenas a CPI do Senado, sobre a qual poderia ter mais controle da investigação pela composição da Casa.
O ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, disse à Reuters na semana passada que não interferiria nas negociações no Congresso para definir qual CPI deveria ter prioridade.
Berzoini alertou, no entanto, que seria muito ruim para a imagem do Congresso ter duas CPIs e as duas chegarem a conclusões diferentes em seus relatórios finais.
A presidente Dilma Rousseff tem afirmado que o governo não teme as investigações, mas que a Petrobras não pode ser alvo de disputa político-eleitoral. Uma investigação sobre a estatal em ano eleitoral pode atingir a presidente que busca a reeleição.
A CPI da Petrobras foi proposta pela oposição para investigar, entre outras denúncias de irregularidades, as suspeitas sobre a compra de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, à época em que Dilma presidia o Conselho de Administração da Petrobras.
Diante da denúncia, Dilma disse em nota que a compra da refinaria foi aprovada pelo Conselho de Administração com base em resumo técnico falho apresentado pela área internacional da empresa, à época comandado pelo diretor Nestor Cerveró.