Dilma diz confiar em Temer e reitera que não há motivo para impeachment
SÃO PAULO (Reuters) - A presidente Dilma Roussef disse neste sábado que espera "integral confiança" do vice-presidente Michel Temer e ainda conta com a permanência do ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, um dos peemedebistas mais próximos ao vice e que anunciou na véspera a saída do governo.
"Espero integral confiança do Michel Temer e tenho certeza que ele a dará. Ao longo desse tempo eu desenvolvi minha relação com ele e conheço o Temer como pessoa, como político", disse a presidente, que participou de reunião de trabalho em Recife (PE), para lançar o Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia.
Na véspera, fontes informaram à Reuters que o ministro protocolou sua carta de demissão na Presidência da República, o que acabou pegando de surpresa o Palácio do Planalto e soou como um alerta sobre a relação com o PMDB, em um momento delicado para a presidente, após ter sido deflagrado pedido de abertura impeachment contra ela na Câmara do Deputados.
Dilma afirmou ainda que se esforçou para manter o ministro Padilha em sua equipe quando realizou a reforma ministerial por acreditar que ele está desenvolvendo um trabalho "muito importante".
Questionada por jornalistas sobre a saída do ministro, Dilma disse que não havia recebido nenhum pedido de saída do ministro e contava com sua permanência à frente da pasta.
"Eu ainda conto com a permanência do ministro Padilha no governo... Eu ainda não sei se o ministro Padilha tomou uma decisão definitiva porque ele não conversou comigo. Então eu aguardo, eu não tomo uma posição sobre cosias que eu não consigo entender inteirametne", disse.
CONTAS DE 2015
Dilma voltou a dizer que não há fundamento para seu processo de impeachment, afirmando que não cometeu nenhum ato ilícito e não há acusações contra ela.
"O Tribunal de Contas da União não tem poder de julgar contas, nem minhas nem de ninguém. Ele é um órgão de apoio do Congresso... Ninguém sabe se as minhas contas serão ou não aprovadas... Então é importante que a questão seja colocada em seus devidos termos", disse.
"Não há base, não procede esse pedido (de impeachment). Ele tem outros fundamentos que eu lamento porque colocam em questão a maturidade da democracia", afirmou.
Dilma rechaçou ainda as acusações de ter praticado as chamadas "pedaladas fiscais" em 2015, afirmando que o ano ainda não acabou e, portanto, não é possível declarar se houve ou não atos dessa natureza.
Na quarta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o processo de abertura de impaechment contra a presidente. O principal motivo alegado foi a edição de seis decretos pelo governo federal para abrir créditos suplementares neste ano.
Cunha justificou sua decisão com base nas acusações de que o governo teria violado a Lei Orçamentária deste ano, tanto pela suposta repetição das chamadas "pedaladas fiscais" como pela publicação de seis decretos em 2015 para a liberação de créditos suplementares.
(Por Flavia Bohone)