Governo aprova desligamento de 2 mil MW em térmicas; conta ficará mais barata
BRASÍLIA (Reuters) - O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) aprovou nesta quarta-feira o desligamento de cerca de 2 mil megawatts de térmicas com custo de geração mais alto a partir de 1º de março, após uma melhora no nível dos reservatórios de hidrelétricas, em um movimento que deverá se refletir em menores valores nas contas dos consumidores.
A informação sobre o desligamento das térmicas confirma notícia publicada pela Reuters, com base em uma fonte com conhecimento direto do assunto, de que o CMSE anunciaria esta semana o desligamento de usinas termelétricas.
Em entrevista a jornalistas nesta quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse que o desligamento vai envolver sete térmicas com custo de operação superior a 420 reais por MWh.
A medida, que atingirá as usinas Campos, Mário Lago, Figueira, Sykue I, Cuiabá, Bahia I e Araucária, permitirá uma redução de custos de geração de 7 bilhões de reais este ano, com impacto positivo para o setor elétrico, que teve que arcar com maiores valores no período de estiagem que afetou as operações das hidrelétricas.
Para o consumidor, o desligamento de térmicas implicará em uma mudança na bandeira tarifária de vermelha para amarela, o que significa que a conta virá agora com um adicional de 1,5 real a cada 100 kilowatts-hora (kWh) consumido, ante 3 reais na faixa anterior, de acordo com reestruturação recente neste sistema.
Criadas em 2015, as bandeiras tarifárias têm como objetivo sinalizar para o consumidor as condições do sistema elétrico, de sobra ou escassez de energia, e ao mesmo tempo arrecadar recursos para custear o uso das termelétricas.
Após anos de seca que colaboraram para elevar os custos de energia, devido ao acionamento de térmicas mais caras, o governo vê um cenário mais tranquilo, com uma regularização das precipitações, especialmente sobre os reservatórios do Sudeste.
Dessa forma, o ministro vê possibilidade de novas quedas no custo, após o CMSE ter decidido, em agosto do ano passado, desligar outros 2 mil megawatts de térmicas ainda mais caras.
"Estamos efetivamente entrando num novo ciclo com viés de baixa no custo da geração e por... consequência na tarifa de energia elétrica para o consumidor", disse o ministro Braga.
Segundo o ministro, manter a bandeira tarifária vermelha seria um custo desnecessário para a população brasileira.
Embora ainda não considere prudente falar em bandeira tarifária verde, que não implicaria em custos adicionais para o consumidor, o ministro acredita ser possível prever que em abril esse regime possa vigorar.
"Estamos entrando em bandeira amarela em março e vamos ter reuniões permamentes para manter a calibragem necessária", afirmou.
Já o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, destacou que o cenário claramente é melhor que o do ano passado.
"Este ano tem elemento suficiente para comemorar que realmente, finalmente, a gente inverteu aquela tendência de aumento tarifário".
(Por César Raizer)