Distribuidoras de energia sofrem com calotes do poder público no RJ, diz Ampla
(Reuters) - As distribuidoras de energia elétrica têm sofrido com uma elevada inadimplência por parte de órgãos públicos do Rio de Janeiro, afirmou nesta terça-feira o diretor de Regulação da Ampla, José Alves de Mello Franco, durante reunião de diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
"A inadimplência tem se elevado muito, principalmente a inadimplência do governo, onde a distribuidora não tem muita ação para tomar... não posso cortar, e, às vezes, se corto, um juiz manda imediatamente repor o sistema. Acho que isso está acontecendo com todas as distribuidoras", disse Franco.
Procurado, o governo do Estado do Rio de Janeiro não comentou imediatamente o assunto.
O diretor estimou que a inadimplência nas contas da concessionária, que atende 66 municípios do Rio de Janeiro, somou 248 milhões de reais em 2015. Desse montante, cerca de 37,5 por cento, ou 93 milhões de reais, decorrem de falta de pagamento por órgãos púbicos.
A Ampla atende uma área que representa cerca de 73 por cento do território do Rio de Janeiro, onde atuam também Light, em 31 municípios, incluindo região metropolitana da capital, e Energisa Nova Friburgo.
"Não é algo não sabido a situação (financeira ruim) do Estado do Rio de Janeiro, está na imprensa. Essa situação se agrava com o não pagamento da conta de luz, essa dívida está acumulando e vai se tornar impagável", disse o diretor da Ampla.
O Estado, o maior produtor de petróleo do Brasil, tem sofrido os efeitos da queda do preço da commodity, que se refletem em menores royalties pagos para o poder público.
A empresa, que pertence ao grupo italiano Enel, pleiteou um reajuste extraordinário de tarifas à agência, mas o pedido foi negado pela diretoria da Aneel, que entendeu que a situação da companhia já começará a ser equacionada no reajuste anual de tarifas previsto para março.
REDUÇÃO DO CONSUMO TAMBÉM PREOCUPA
A redução do consumo também preocupa as distribuidoras. Na reunião da Aneel desta terça-feira, o diretor de Regulação da AES Eletropaulo, André Luiz Gomes da Silva, disse que a empresa tem visto uma forte retração em seu mercado.
"O que está acontecendo no setor de distribuição é algo inédito... a gente espera uma recuperação do consumo lá para a frente, daqui a três a quatro anos voltar aos patamares de 2014", disse.
(Por Luciano Costa)