Bovespa recua em sessão com Moody's, mas melhora externa atenua perdas
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa teve a segunda queda seguida nesta quarta-feira, após rebaixamento do rating do Brasil pela Moody's, mas a melhora no cenário externo afastou o Ibovespa das mínimas da sessão.
O noticiário corporativo também repercutiu, com WEG desabando 9 por cento após resultado trimestral gerar preocupações sobre as margens da fabricante de motores e componentes elétricos e tintas industriais.
O Ibovespa caiu 1,03 por cento, a 42.084 pontos. Na mínima, caiu 3 por cento. O giro financeiro da sessão somou 4,79 bilhões de reais.
A agência de rating Moody´s reduziu a nota de crédito do Brasil de "Baa3" para "Ba2" e indicou que novos cortes podem vir ao mudar a perspectiva da nota para negativa, citando o ambiente econômico e político desfavorável do país.
"A surpresa não foi a nota, mas que rebaixou em dois degraus. A Moody's estava atrasada em relação às outras agências", disse o gestor Joaquim Kokudai, sócio na JPP Capital.
"Podemos de fato voltar para território 'single B', do qual havíamos saído dez anos ou mais atrás", afirmou o ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, hoje à frente do departamento de economia da Brasil Plural. "Isso é má notícia para os preços dos ativos brasileiros", disse em nota a clientes.
No exterior, Wall Street recuperou-se na esteira da melhora dos preços do petróleo, com ajuda do avanço da Apple, compensando a fraqueza nas ações de bancos. O S&P 500 fechou em alta de 0,44 por cento.
As cotações do petróleo subiram com notícias de carregamentos paralisados no Mar do Norte britânico e com a forte demanda pela gasolina nos EUA ofuscando apreensões sobre alta nos estoques de petróleo.
DESTAQUES
- WEG desabou 9,05 por cento, a 13,07 reais, mínima desde 2014, em meio à repercussão negativa do resultado do quarto trimestre, com agentes financeiros preocupados sobre riscos às margens operacionais da companhia.
- VALE fechou com as ações PNA em queda de 4,4 por cento, antes da divulgação do balanço do quarto trimestre na quinta-feira. O dia foi de queda do minério de ferro na China e de protestos de funcionários da mineradora por pagamento de participação nos lucros. No fim do dia, a Vale anunciou troca do atual presidente do Conselho de Administração, Dan Conrado, por Gueitiro Genso.
- BANCO DO BRASIL recuou 3,3 por cento, após o Conselho de Administração aprovar corte no percentual de retorno ao acionista em relação ao lucro, de 40 para 25 por cento.
- ITAÚ UNIBANCO e BRADESCO caíram apenas 0,84 e 0,19 por cento, respectivamente, assim como o BB, afetados por dados de crédito elevando preocupações de analistas com o cenário do setor bancário. SANTANDER BRASIL cedeu 0,63 por cento.
- PETROBRAS fechou com as preferenciais em baixa de 1,02 por cento, longe do pior momento da sessão conforme os preços do petróleo passaram a subir no exterior. Na mínima, Petrobras PN caiu 5,5 por cento.
- BRF caiu 1 por cento, um dia antes de divulgar resultado do quarto trimestre, que deve mostrar queda anual de 12,6 por cento no lucro líquido, conforme média de projeções compiladas pela Reuters.
- JBS saltou 7,4 por cento após forte queda na véspera, com profissionais do mercado citando decisão do relator da CPI do BNDES, deputado José Rocha (PR-BA), de rejeitar pedido de indiciamento de suspeitos de irregularidades em operações do banco. A reunião foi suspensa.
- RUMO ALL subiu 2,3 por cento. O governo federal assinou termo aditivo para expansão das operações da empresa no porto de Santos, com investimentos de cerca de 308 milhões de reais até o fim de 2018, disse o ministro da Secretaria de Portos, Helder Barbalho, nesta quarta-feira.