Vale encerra 4º tri com maior prejuízo desde privatização

Por Gustavo Bonato e Marta Nogueira

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora Vale registrou prejuízo líquido de 33,156 bilhões de reais no quarto trimestre de 2015, o pior resultado desde pelo menos a privatização da empresa, em 1997, com suas contas afetadas pelos baixos preços das commodities, que levaram a companhia a realizar uma expressiva baixa contábil.

O resultado negativo dos três últimos meses do ano da companhia, maior produtora global de minério, foi quase 7 vezes maior que o prejuízo registrado no último trimestre de 2014, de 4,761 bilhões de reais, publicou a empresa nesta quinta-feira.

Em dólares, a Vale teve prejuízo líquido de 8,569 bilhões de dólares no quarto trimestre, ante uma expectativa de prejuízo de 56 milhões de dólares, segundo uma pesquisa da Reuters com oito fontes do mercado.

No acumulado de 2015, a Vale teve a pior perda para uma empresa brasileira de capital aberto em pelo menos 30 anos, segundo dados da Economática, com prejuízo líquido de 44,213 bilhões de reais, ante um lucro de 954 milhões em 2014, devido principalmente a uma menor margem na geração de caixa, a baixas contábeis e ao efeito negativo nos resultados financeiros da depreciação do real ante o dólar.

Antes da Vale, o pior prejuízo anual para uma empresa brasileira de capital aberto desde 1986 havia sido da Petrobras, em 2014, quando a empresa fez uma bilionária baixa contábil em ativos relacionados ao esquema de corrupção revelado pela operação Lava Jato, da Polícia Federal.

O resultado da Vale acontece apesar da empresa ter superado a meta de produção de minério de ferro em 2015, com recorde de 345,9 milhões de toneladas.

Entretanto, no último ano, o preço do minério de ferro recuou 43 por cento ante 2014, para média de 55,5 dólares/tonelada, segundo dados da Vale.

Em um vídeo publicado no site da companhia, o diretor financeiro Luciano Siani afirmou que o prejuízo acumulado em 2015 foi principalmente causado pelas baixas contábeis e pelo efeito da desvalorização do real frente ao dólar na dívida da companhia, efeitos não caixa, "que não afetam o dia a dia da geração de recursos da empresa."

Ele destacou que as baixas contábeis foram resultado de "um ajuste muito forte que ocorreu na indústria de mineração, em função da queda dos preços".

Em dólares, as baixas contáveis de 2015 totalizaram 8,569 bilhões, sendo que as reduções mais significativas foram registradas nos valores de ativos no exterior.

Já a desvalorização de 47 por cento do real em relação ao dólar impactou o valor da dívida da Vale quando medida em reais, segundo destacou o diretor.

Os ativos de carvão em Moçambique tiveram baixa de 2,4 bilhões de dólares, e os ativos de níquel na Nova Caledônia e Newfoundland/Labrador (Canadá) tiveram seus valores reduzidos em 1,46 bilhão e 3,46 bilhões de dólares, respectivamente.

A empresa registrou também Ebitda ajustado (sigla para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 5,386 bilhões de reais no quarto trimestre, queda de 3 por cento ante o mesmo período em 2014. No acumulado de 2015, o Ebitda ajustado foi de 23,654 bilhões de reais, queda de 24 por cento ante 2014.

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