BRF será mais dinâmica em reajuste de preços para defender margens

SÃO PAULO (Reuters) - A companhia de alimentos BRF vai ser mais ativa na avaliação de seus preços no Brasil para proteger margens de um cenário de inflação elevada e aumento de custos com insumos como milho, afirmaram executivos da empresa nesta sexta-feira.

"Continuamos defasados em nossas margens (...) Tem persistência de inflação muito alta e isso está sendo incorporado em nosso modelo de preços, fazendo com que seja mais dinâmico, mais contínuo", afirmou o presidente-executivo da BRF, Pedro Faria, em teleconferência com jornalistas.

No início do ano, a BRF elevou seus preços médios no Brasil em 10 por cento, disse Faria, acrescentando que a empresa teve êxito na implementação dos novos valores.

As ações da companhia despencavam 7 por cento, enquanto o Ibovespa tinha valorização de 0,39 por cento, às 11:52.

A BRF superou a média das previsões de analistas, com lucro líquido de 1,4 bilhão de reais no quarto trimestre. Mas o resultado trouxe nova contração no volume de vendas no país. A companhia havia indicado foco em produtos de maior valor agregado, mas o balanço mostrou manutenção do volume de vendas de alimentos processados em relação ao quarto trimestre de 2014.

Analistas do Itaú BBA afirmaram que o resultado foi melhor que o esperado, mas cortaram o preço-alvo da ação de 86 para 62 reais, citando um cenário desafiador em 2016 diante de pressão sobre a empresa em mercados internacionais, por conta de custos maiores com grãos, e dificuldade para melhorar margem no Brasil.

Além do resultado, a companhia anunciou que cancelou mais de 3 bilhões de reais em ações que estavam em tesouraria e nova mudança em sua estrutura de gestão, com a saída da companhia da presidente para Brasil Flávia Faugeres, que estava no posto há cerca de apenas um ano. Para o lugar da executiva, a empresa nomeou Rafael Ivanisk e Leonardo Almeida Byrro, que dividirão responsabilidade pelas operações da empresa no país.

Para 2016, a empresa pretende investir um pouco mais que os cerca de 2 bilhões de reais desembolsados em 2015, disseram executivos na teleconferência. Entre os mais relevantes está uma nova fábrica no Rio de Janeiro, anunciada no final do ano passado e que deve consumir 180 milhões de reais.

Além disso, o presidente da BRF afirmou que a empresa pretende focar esforços em melhorar sua infraestrutura logística de distribuição no Brasil.

A BRF fechou o quarto trimestre com caixa de 5,3 bilhões de reais, mas os executivos não comentaram se a empresa fará recompra de ações. Faria, no entanto, disse que a empresa seguirá "bastante ativa" em fusões e aquisições em 2016.

(Por Alberto Alerigi Jr., com reportagem adicional de Paula Arend Laier)

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