Dilma amplia agenda no Chile e pode ficar fora de festa do PT no sábado

  • Por Lisandra Paraguassu

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff estendeu sua permanência no Chile até o final da tarde de sábado e aumentou as dúvidas sobre sua participação na comemoração dos 36 anos do PT, no Rio de Janeiro, mas fontes do governo ressaltam que ainda há tempo de a presidente mudar de ideia.

A previsão inicial era de que a presidente saísse de Santiago, no Chile, às 13h, o que permitiria que chegasse ao Rio de Janeiro pouco antes das 17h, a tempo de participar do evento, marcado para as 18h. A agenda da presidente, no entanto, mudou e foi confirmada à tarde uma visita à Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e a saída do Chile para às 17h, o que dificultaria a participação de Dilma na festa petista.

Uma fonte que está com a presidente no Chile avalia que, se confirmada a agenda da tarde - e ela já cancelou uma visita anterior à Cepal -, dificilmente Dilma irá ao Rio de Janeiro. Mas, lembra, há ainda muito tempo para que a presidente mude de ideia.

Nos últimos dias, a relação da presidente com o PT, complicada desde o início do ajuste fiscal, piorou. A aprovação do projeto que desobriga a participação da Petrobras em todas as áreas de exploração do pré-sal foi a gota d'água em um processo de desgaste com o partido. Somada à decisão da presidente de encarar uma reforma da Previdência que vai contra bandeiras históricas do partido, a aprovação pôs, mais uma vez, governo e PT em lados opostos.

Dentro do Palácio do Planalto, o governo tenta minimizar os atritos, mas, de acordo com uma fonte, a presidente está sim irritada com a falta de apoio dos petistas. E, do outro lado, parte do PT também reclama que é impossível apoiar medidas que alienam boa parte da base social do partido.

Na tarde desta sexta-feira, o texto discutido pelo diretório nacional do PT, no Rio de Janeiro, dizia que o partido "não aceita que o caminho para o equilíbrio fiscal seja pavimentado por sacrifícios do povo trabalhador", ao mesmo tempo que mantém a defesa do governo contra a possibilidade de impeachment da presidente.

"DIVERSIDADE"

Das 20 propostas apresentadas pelo PT como caminho para o ajuste fiscal, apenas a recriação da CPMF coincide com as propostas do governo. O resto representa o oposto: redução de juros, uso das reservas para financiar investimentos e aumento de gastos sociais.

Questionado sobre as propostas do partido, diferentes do caminho que o governo está tomando, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou que a grande riqueza do PT é a diversidade". "Nós estamos no governo, mas ninguém cala o PT. Nem o governo interdita o debate no PT nem o PT interdita o PT", disse ele a jornalistas ao sair da reunião do diretório nacional.

Na manhã desta sexta-feira, o ministro da Secretaria da Comunicação Social, Edinho Silva, afirmou que partido e governo precisam se unir frente à crise que o país enfrenta.

"O momento do país é difícil. O governo precisa do PT e o PT, do governo. O governo não irá tirar o Brasil da crise se o PT não tiver protagonismo, e o PT não irá superar a sua crise sem o governo", disse o ministro a jornalistas ao chegar à reunião no Rio.

Sobre a possível ausência de Dilma no encontro do partido, que também marca o aniversário de 36 anos do PT, o ministro negou qualquer desgaste. Edinho não descartou totalmente a ausência dela e disse que Dilma ainda tenta "adequar" a agenda.

(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)

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