Copel aguarda para breve decisão judicial que pode evitar custo maior em Colíder

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A estatal paranaense Copel , uma das maiores geradoras de eletricidade do Brasil, espera ter logo uma definição da Justiça sobre uma liminar que a obriga a retirar toda a vegetação da área que receberá o reservatório da hidrelétrica de Colíder, em Mato Grosso, o que elevaria custos e prazo de implementação da usina.

A limpeza do reservatório de Colíder, que deveria ter iniciado operação em 2015 e atualmente tem geração projetada para 2017, custaria cerca de 150 milhões de reais, pouco mais de 6 por cento do orçamento estimado do empreendimento, próximo de 1,6 bilhão de reais, disse à Reuters o presidente da unidade de geração e transmissão da Copel, Sergio Lamy.

Ao mesmo tempo, acrescentou Lamy, a Copel buscou a Justiça para evitar pagar multas pelo descumprimento do cronograma.

A empresa, também uma das maiores em transmissão no Brasil, alega que foi prejudicada por greves, questões ambientais e até mesmo descobertas arqueológicas no entorno da usina que atrasaram os trabalhos de construção.

"Hoje, tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) um pedido da Copel de suspensão dos efeitos dessa liminar (que obriga a limpeza total). O problema não é aumentar o custo, é aumentar por algo desnecessário e que compromete ainda mais o cronograma do empreendimento", disse Lamy.

Segundo ele, a Copel havia feito estudos técnicos que indicavam a necessidade de supressão de apenas 50 por cento da vegetação na área do lago de Colíder, mas a pedido do órgão ambiental essa proporção subiu para 70 por cento.

"Estamos aguardando uma decisão. Está prestes a sair. (Se a liminar não cair) nossa vida vai complicar, porque aí tenho que fazer um novo trabalho no reservatório que não estava previsto", disse.

Licitada em 2010, Colíder deveria ter iniciado a produção em janeiro do ano passado, pelo cronograma original.

A Copel apresentou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) um pedido de excludente de responsabilidade, para não ser multada pelo atraso já verificado.

"Nós apresentamos o pedido há dois anos e até agora a Aneel não se pronunciou... fizemos o pedido (de liminar) para não sermos onerados enquanto o processo administrativo não for julgado", explicou Lamy.

IMPACTO PESADO

Segundo ele, a Copel sofreu um impacto pesado no ano passado, quando precisou comprar energia no mercado de curto prazo para entregar às distribuidoras que haviam contratado a produção de Colíder. O revés ainda aconteceu em um momento em que o preço spot estava elevado, devido aos riscos de racionamento.

"Ficamos obrigados a honrar os contratos de energia aos preços absurdos do ano passado. Isso estava onerando muito a empresa... com certeza, isso está afetando o retorno (do empreendimento)", disse, sem citar números.

Ele afirmou que a Copel trabalha com a expectativa de iniciar a geração "no começo de 2017", mas não quis avaliar eventual impacto no cronograma em caso de ser necessária a limpeza do reservatório.

SEM INTERESSE EM ABENGOA

O presidente da Copel G&T disse à Reuters que a companhia não tem interesse em avaliar ativos de transmissão da espanhola Abengoa , que paralisou as obras no Brasil após dificuldades financeiras de sua matriz e agora busca compradores ou sócios para os projetos.

"Não conversamos e nem avaliamos essa possibilidade. Nesse momento, não... essas linhas não estariam no nosso radar, no planejamento estratégico da Copel", afirmou Lamy.

O executivo, por outro lado, destacou os bons resultados da parceria da empresa com os chineses da State Grid [STGRD.UL] no segmento de transmissão.

"A parceria é muito boa. Até estamos estudando a possibilidade de ampliar para outros projetos", disse ele, sem dar detalhes.

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