Brasil deve dobrar importações de trigo dos EUA em 2016, prevê Sindustrigo

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil, um dos maiores importadores globais de trigo, deverá elevar ligeiramente as importações do cereal em 2016 ante 2015, mas dobrará as compras do produto dos Estados Unidos neste ano, com moinhos nacionais buscando o grão de maior qualidade no Hemisfério Norte no segundo semestre.

Enquanto todas as importações de trigo pelo Brasil somariam cerca de 5,5 milhões de toneladas neste ano, ante 5,1 milhões em 2015, as compras do produto dos EUA saltariam para aproximadamente 1 milhão de toneladas, ante 451 mil no ano passado, previu do presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), Christian Saigh, que comanda a associação do setor no principal Estado consumidor nacional do cereal.

Na primeira metade do ano, os moinhos brasileiros deverão contar predominantemente com os estoques da Argentina, estimados em cerca de 3 milhões de toneladas, disse Saigh, também integrante do Conselho Deliberativo da Abitrigo, associação que representa os moinhos no Brasil.

Como a safra nova da Argentina (principal exportador de trigo ao Brasil) só começa em novembro e a oferta brasileira está baixa, os moinhos do país serão obrigados a buscar o produto nos Estados Unidos, pagando Tarifa Externa Comum (TEC) de 10 por cento, não cobrada em compras realizadas dentro do Mercosul.

"É possível que o Brasil traga trigo dos EUA para abastecer o mercado interno de agosto a novembro. O trigo da Argentina deve acabar em julho. É muito provável que tenha importação de trigo dos EUA, e aí por falta de qualidade e quantidade de trigo no Mercosul", disse Saigh à Reuters.

A avaliação foi feita em um momento em que o Brasil está prestes a começar o plantio de trigo. Dependendo do tamanho da safra, a importação pode ser maior o menor.

Mas Saigh não acredita em grandes oscilações no tamanho da produção nacional de um ano para o outro. Para ele, o Brasil deverá produzir cerca de 5,5 milhões de toneladas em 2016, ainda que o potencial possa superar esses volumes, uma vez que problemas climáticos costumam afetar as produtividades.

O presidente do Sindustrigo, também vice-presidente do moinho Santa Clara, estimou ainda o consumo de trigo no país em 11 milhões de toneladas, que deverá ser suprido pela produção nacional, importação do grão e também compras de farinha de trigo na Argentina.

As importações de farinha foram estimadas entre 300 mil e 500 mil toneladas.

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