Brasil levará a cúpula em Washington proposta para redução de arsenal nuclear

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil e outros 15 países apresentarão uma declaração alternativa à Cúpula de Segurança Nuclear, que acontece esta semana em Washington, cobrando a diminuição dos arsenais nucleares e que os países detentores de arsenais prestem contas das medidas que estão sendo tomadas para protegê-los, informou um dos negociadores brasileiros na cúpula.

A cúpula, convocada pelo presidente norte-americano, Barack Obama, pela primeira vez em 2010, terá seu quarto e último encontro esta semana, em Washington. A meta é chegar a acordos para tentar diminuir os riscos de que armas nucleares caiam nas mãos de grupos terroristas.

A declaração final do encontro, que deve ser subscrita por pouco mais de 40 países participantes, reconhece a necessidade de aumentar a segurança dos arsenais existentes, tratado da não proliferação das armas e do uso pacífico da energia nuclear.

Desde o encontro de 2014, no entanto, um grupo de países, entre eles o Brasil, apresenta uma declaração alternativa ao documento central.

“A declaração final não reconhece a relação entre os arsenais e a segurança físsil. Ao falar isso expõe indiretamente o pouco progresso feito no desarmamento e na não-proliferação e a pouca boa vontade que existe nessas questões”, disse a fonte à Reuters.

O documento negociado pelo governo brasileiro tem três pontos centrais. Além de cobrar que os países detentores de arsenais nucleares ofereçam um alto nível de segurança a seus arsenais, pede a redução drástica no número de ogivas.

“Quanto menores forem os arsenais, mais fácil será prover a segurança. É uma obrigação dos Estados se desarmarem, mas isso nunca foi feito desde 1970, quando entrou em vigor o acordo de não proliferação de armas nucleares. Jamais os países chegaram nem a um cronograma de desarmamento”, afirmou o negociador.

Oficialmente, cinco países detém arsenais –além de Estados Unidos e Rússia, França, Inglaterra e China. No entanto, suspeita-se, com base em investigações feitas pela Organização das Nações Unidas (ONU), que pelo menos outros cinco países também tenham desenvolvido armas nucleares: Israel, Índia, Paquistão, Irã e Coreia do Norte.

O terceiro ponto da declaração alternativa é a exigência de que os países detentores de arsenais prestem contas à comunidade internacional sobre a segurança que está sendo oferecida às armas nucleares.

“Apesar da responsabilidade primária ser desses países, é uma preocupação de toda a comunidade internacional”, disse a fonte.

Entre os 15 países signatários da declaração alternativa, nenhum possui arsenais nucleares e nem faz parte de alianças militares internacionais. Estão na lista, além do Brasil, Argentina, Nigéria, Nova Zelândia, Chile, México, Cingapura, entre outros.

“Lógico que o Brasil e diversos países dão as boas vindas ao discurso de maior segurança, mas o fato é que não houve grandes avanços na redução dos arsenais. A última cúpula do Tratado de Não-Proliferação foi um fracasso, nem teve declaração final. Não conseguem nem mesmo acertar um cronograma”, disse a fonte. 

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