Leilão de energia A-5 no fim de abril terá preços-teto entre R$115 e R$290/MWh
Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O leilão de energia A-5, agendado para 29 de abril, terá preços-teto entre 115 e 290 reais por megawatt-hora (MWh), o que representará uma elevação de até 8 por cento frente aos valores praticados nos certames de 2015, dependendo da fonte de geração, mas queda ao redor de 10 por cento em alguns casos.
Os valores devem frustrar investidores que vinham pressionando o governo federal por um aumento mais forte dos preços, dado o cenário econômico e político do Brasil e a desvalorização da moeda brasileira ante o dólar.
Segundo edital aprovado nesta terça-feira em reunião de diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o certame terá como projetos com maior preço-teto as termelétricas a gás, com 290 reais por MWh, alta de 3 por cento ante o limite superior passado.
As usinas à biomassa e carvão, com teto de 251 reais, tiveram retração de 10,7 por cento ante 2015.
As hidrelétricas com até 50 megawatts terão preço máximo de 227 reais, 8 por cento acima do limite em 2015.
Já os parques eólicos, a um máximo de 223 reais, tiveram alta de quase 5 por cento no teto ante o último leilão com participação da fonte.
A única nova hidrelétrica com mais de 50 megawatts que terá a concessão ofertada na licitação, a usina de Santa Branca, com 62 megawatts, no Paraná, poderá praticar um preço máximo de 195 reais por MWh. Essas usinas têm o preço definido caso a caso.
Segundo a Aneel, foram cadastrados para o certame cerca de 47 mil megawatts em empreendimentos, principalmente parques eólicos e termelétricas a gás natural.
As usinas contratadas no certame deverão iniciar a entrega da energia em janeiro de 2021.
BELO MONTE
A hidrelétrica de Belo Monte, que está próxima de entrar em operação mas foi autorizada a vender energia no certame, terá um preço-teto específico de 115 reais por MWh, caso deseje participar.
Em janeiro, um conselheiro da Norte Energia, responsável por Belo Monte, disse à Reuters que a usina precisava vender uma fatia de sua energia no leilão por um preço de cerca de 185 reais para cumprir exigências do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e liberar a última parcela do financiamento do banco ao empreendimento, de 2 bilhões de reais.
Como a hidrelétrica precisa vender essa fatia descontratada, equivalente a 20 por cento de sua capacidade, ou 900 megawatts médios, havia até mesmo uma expectativa de que a usina pudesse ofuscar os demais projetos no certame, dominando as negociações.