Dólar recua e se aproxima de R$3,60 com política, BC e cenário externo
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava e era negociado próximo da casa dos 3,60 reais nesta quarta-feira, influenciado pelo cenário político brasileiro, pela atuação contida do Banco Central no câmbio e por menores expectativas de aumentos de juros nos Estados Unidos.
Às 10:21, o dólar recuava 0,73 por cento, a 3,6114 reais na venda, após recuar mais de 1 por cento e atingir 3,5986 reais na mínima da sessão.
"O mercado está com fome para vender dólar e hoje não faltou motivo", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
Investidores continuavam a aumentar cada vez mais as apostas no impeachment da presidente Dilma Rousseff, perspectiva que vem contribuindo para reduzir as cotações da moeda norte-americana.
As bancadas do Partido Progressista (PP) na Câmara e no Senado se reúnem nesta manhã para discutir possível rompimento com o governo, o que pode enfraquecer ainda mais as defesas do governo.
A queda do dólar era influenciada também pela decisão do BC de vender apenas 2,7 mil swaps reversos, equivalentes a compra futura de dólares, da oferta de até 20 mil contratos, mesmo com a pressão de baixa sobre o dólar.
A estratégia da autoridade monetária vem confundindo alguns operadores, em meio a especulações de que poderia ter como objetivo evitar que a moeda norte-americana recue muito para proteger exportadores e, assim, as contas externas do país
"Não dá para entender muito bem as intenções do BC, então o mercado vai continuar testando (cotações mais baixas)", disse o operador de um banco internacional.
A queda do dólar vinha também em sintonia com os mercados externos, onde continuavam repercutindo declarações da véspera da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, de que o banco central norte-americano deve adotar cautela para elevar os juros.
Eventual demora do Fed para apertar de novo a política monetária beneficiaria moedas emergentes, que oferecem rendimentos financeiros elevados.
Os juros futuros nos EUA indicavam chances de 40 por cento de o Fed elevar os juros em julho, contra 51 por cento na segunda-feira, segundo dados da CME.
(Por Bruno Federowski)