ONS vê atraso de no mínimo 2 anos para operação de linhas da Abengoa

SÃO PAULO (Reuters) - O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima um atraso no início da operação das linhas de transmissão da Abengoa no Brasil de mínimo dois anos, e vê a venda de ativos da companhia espanhola como a melhor solução para se evitar mais problemas ao setor.

As obras companhia espanhola, que está em dificuldades financeiras, foram paralisadas no país.

Segundo o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, uma solução para os ativos da empresa está sendo estudada pelo governo, mas a melhor alternativa seria a venda das linhas.

"Isso agilizaria o processo. Se tiver que devolver, relicitar e passar por todo o trâmite, poderia demorar mais", disse ele a jornalistas, durante evento no Rio de Janeiro.

A chinesa State Grid admitiu interesse nos ativos, e notícias na imprensa apontam que o fundo canadense Brookfield poderia se juntar a Furnas, da Eletrobras, para apresentar uma proposta.

O diretor-geral do ONS pretende apresentar em breve ao governo, talvez na reunião do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), alternativas para o escoamento da energia necessária para o suprimento do país e para compensar o atraso nos empreendimentos da Abengoa.

"Imaginamos um atraso de no mínimo dois anos, mas acreditamos que vai ser de mais. Se for começar tudo de novo, o atraso vai ser mais que dois anos para fazer toda essa estrutura e teremos dificuldade de escoar essa potência. São empreendimentos em análise por Aneel e MME (Ministério de Minas e Energia)... Vamos apresentar propostas ao CMSE", declarou Chipp.

Nessa reunião do CMSE, o diretor-geral do ONS disse que ainda vai se posicionar contrário à proposta feita pela EPE de se fazer o despacho de térmicas pela chamada ordem de mérito, ou seja, começando pelas mais baratas até aquelas com preço de até 211 reais o megawatt-hora.

Segundo Chipp, a situação operacional não é tão confortável ao ponto de se buscar a opção do despacho por mérito.

Ele ressaltou que, se a chuva no período seco atingir 80 por cento da média história, os reservatórios das hidrelétricas da região Sudeste/Centro-Oeste, os mais importantes do parque gerador, chegariam a novembro com um nível próximo de 27 por cento, desde que o governo mantenha a decisão de despachar térmicas com custo de 211 reais.

Esse patamar, se confirmado, seria bem melhor do que o observado nos anos de 2014 e 2015, quando o país enfrentou uma forte estiagem.

Pelos cálculos do ONS, se a ordem de mérito for aprovada pelo CMSE e adotada pelo governo, os reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste chegariam a novembro num patamar de apenas 12 por cento.

"A visão do camarada que está querendo reduzir tarifa preferencialmente pede ordem de mérito. A visão do operador não pode ver só custo. Tem que ver a segurança. Não adianta olhar só o presente, tem que olhar o futuro", disse Chipp.

O diretor-geral informou que nível de armazenamento das hídricas está em aproximadamente 58 por cento e deve terminar o período úmido perto de 60 por cento.

(Por Rodrigo Viga Gaier)

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