Há desinflação no Brasil, mas ajuste monetário ainda está em curso, diz diretor do BC

BRASÍLIA (Reuters) - O diretor de Política Econômica do Banco Central, Altamir Lopes, afirmou nesta quinta-feira que o cenário doméstico é de significativo processo desinflacionário, mas que o ajuste monetário ainda está em curso e que a visão de resultado fiscal estrutural da autoridade monetária é expansionista.

Em diversos momentos, ele mencionou "desinflação contratada significativa", sobretudo do setor de serviços, e repetiu que o BC espera queda na inflação de 2 pontos percentuais já no primeiro semestre.

Também chamou a atenção para fatores como a situação fiscal indefinida no país e expectativas ainda altas para o avanço de preços na economia.

"É importante considerar que temos incertezas associadas ao balanço de riscos da inflação", disse, acrescentando que a inércia afetou de forma significativa as projeções de preços.

Lopes comenta o Relatório Trimestral de Inflação do BC, divulgado mais cedo, pelo qual piorou as expectativas de inflação para este ano e o próximo, vendo a inflação no centro da meta --de 4,5 por cento pelo IPCA-- apenas no início de 2018. [nL2N1730L3]

Na apresentação, o diretor reforçou que o BC não trabalha com a hipótese de redução da Selic, hoje a 14,25 por cento ao ano.

Também afirmou que o sucesso dos ajustes na economia depende de "perseverança e determinação" para que tenham seus custos econômicos e duração diminuídos.

Em relação ao fronte fiscal, Lopes ressaltou a necessidade de reformas estruturais e disse que "ainda há muito por acontecer".

Os cálculos do BC no relatório consideraram superávit primário para o setor público consolidado de 0,5 por cento do PIB (ou 30,6 bilhões de reais) no ano, meta dada pela lei orçamentária, por conta da data de corte do relatório, 18 de março. Ou seja, antes de o governo encaminhar proposta ao Congresso Nacional de redução da meta a 0,15 por cento do PIB.

"Não é (superávit de) 0,5 ou 0,15 por cento do PIB que vai mudar nossa projeção de inflação levando-se em consideração o cálculo estrutural que fazemos", afirmou, acrescentando que o primário estrutural que o BC trabalha é "expansionista".

(Por Marcela Ayres)

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