Preço baixo em leilão de energia desafia Belo Monte, ameaça acordo com BNDES

SÃO PAULO (Reuters) - O leilão de energia A-5 que será realizado em 29 de abril pelo governo federal apresentou um preço-teto para a venda de energia considerado "muito baixo" pela hidrelétrica de Belo Monte, que busca fechar a comercialização de 20 por cento de sua capacidade de produção ainda descontratados, afirmou um conselheiro da Norte Energia, responsável pela usina.

O baixo preço será um desafio para a usina, que precisa fechar a venda dessa energia a um valor considerado adequado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que a instituição libere a última parcela do financiamento ao empreendimento, de 2 bilhões de reais.

Em janeiro, o conselheiro José Aílton de Lima, um dos representantes da Eletrobras na Norte Energia, havia afirmado à Reuters que o preço de venda acertado junto ao BNDES estaria em cerca de 185 reais por megawatt-hora, ante um teto de 115 reais por megawatt-hora definido para a usina no leilão A-5.

"Ainda estamos discutindo isso no conselho... a primeira impressão é que o preço para a gente é muito baixo, mas essa é uma opinião pessoal", afirmou Lima à Reuters nesta quinta-feira.

A Norte Energia tem como principal acionista a Eletrobras, além de Cemig, Light, Vale, Neoenergia e fundos de pensão.

Orçada em 25,8 bilhões de reais, Belo Monte está em construção no rio Xingu, Pará, e será a terceira maior hidrelétrica do mundo quando concluída.

O empreendimento teve aprovado um financiamento de 22,5 bilhões de reais pelo BNDES. A única parcela não liberada do empréstimo estava associada ao fechamento da venda da fatia ainda descontratada da energia do empreendimento.

"Temos essa questão de ter que apresentar um PPA (contrato de venda de energia) para o BNDES para eles liberarem o restante... essa é a questão que a gente tem que resolver em Belo Monte", disse Lima.

Ele afirmou que deverá ser realizado um encontro do Conselho de Administração da Norte Energia na próxima semana para analisar o preço e tomar uma decisão sobre a entrada no certame.

"Estamos realizando estudos internos, cada sócio está fazendo seus estudos", disse Lima.

Lima preferiu não comentar as possíveis consequências para o financiamento acertado com o BNDES, caso a empresa não venda energia no leilão.

Outra opção de Belo Monte seria vender energia no mercado livre, mas os preços atualmente estão baixos devido à redução no consumo e às chuvas favoráveis. Segundo a consultoria Dcide, as cotações hoje estão no menor nível desde 2012.

Belo Monte prepara-se atualmente para colocar em operação sua primeira turbina, que já está em testes, sendo que as demais máquinas entrarão em operação gradualmente até 2019.

(Por Luciano Costa)

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