EXCLUSIVO-Chinesas e Enel disputam fatia na Renova Energia, dizem fontes

Por Tatiana Bautzer, Guillermo Parra-Bernal e Luciano Costa

SÃO PAULO, 29 Abr (Reuters) - As chinesas State Grid e Three Gorges e a italiana Enel apresentaram propostas competindo por uma fatia de 16 por cento na Renova Energia, empresa de geração renovável controlada pela Cemig que tem buscado recursos para tocar investimentos após o fracasso de uma operação de parceria e venda de ativos com a norte-americana SunEdison.

As companhias orientais e a italiana estão entre um grupo de interessados no negócio, que envolveria a compra da parcela da Light na Renova, segundo três fontes com conhecimento direto do assunto que falaram sob a condição de anonimato.

A Light passou a buscar compradores para sua fatia na companhia renovável após a SunEdison desistir da aquisição do ativo alegando condições desfavoráveis de mercado. O negócio com os norte-americanos envolveria 250 milhões de dólares.

As firmas de investimentos TPG Capital e Brookfield também estão entre os interessados que apresentaram propostas, disseram duas das fontes.

A fatia da Renova ofertada pela Light é um dos muitos ativos colocados à venda no setor elétrico do Brasil após uma elevação do endividamento das elétricas locais e uma recessão que reduziu a capacidade de investimento das empresas.

Embora o setor de energia e de geração renovável seja vistos como mais resistentes a crises econômicas, as elétricas têm sofrido com os elevados custos de financiamento no Brasil, no maior nível em nove anos, e com a redução da demanda por energia.

A venda da fatia na Renova poderá ser acompanhada da emissão de novas ações para captar mais recursos, com outros acionistas juntando-se à Light para vender suas ações na empresa, disseram a primeira e a terceira fonte.

Isso poderá incluir a saída do negócio pelo BNDESPar, braço de investimentos em participações em empresas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), segundo as fontes. O BNDESPar tem 9 por cento da Renova.

"A China Three Gorges Brasil está sempre atenta a oportunidades de fusões e aquisições e desenvolvimento de novos empreendimentos de energia hidrelétrica, eólica e solar no Brasil, mas não comenta especificamente sobre rumores de mercado", respondeu a companhia.

O BNDES disse que não irá se manifestar.

Procuradas, as demais companhias não comentaram imediatamente.

Desde o fracasso do negócio com a SunEdison, a Renova tem sofrido com dificuldades para tocar um ousado plano de investimentos que exigiria mais de 10 bilhões de reais para a instalação de cerca de 2 gigawatts em usinas solares e eólicas que venderam energia em leilões do governo federal e no mercado livre de eletricidade.

O grupo BTG Pactual foi contratado para prestar assessoria à Light na transação, segundo as fontes.

CHINESES MIRAM SETOR

Nos últimos anos, a State Grid e outras companhias chinesas investiram pesado em aquisições de ativos no setor de energia do Brasil.

A State Grid investiu mais de 1 bilhão de dólares em compras de ativos no Brasil desde 2012, ou 8 por cento dos 12,2 bilhões de dólares envolvidos em transações globais de aquisição no período, segundo dados da Thomson Reuters.

Já a Three Gorges pagou 13,8 bilhões de reais em novembro passado para arrematar a concessão de duas grandes hidrelétricas em São Paulo que pertenciam à estatal paulista Cesp.

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