Por Guillermo Parra-Bernal e Tatiana Bautzer

SÃO PAULO (Reuters) - A JBS anunciou nesta quarta-feira planos para uma reorganização corporativa em que pretende criar uma empresa que agrupará as operações internacionais da companhia fora do Brasil, na mais recente medida da maior processadora de carne bovina do mundo para se transformar em uma companhia global de alimentos.

A nova unidade, a ser chamada de JBS Foods International, terá sede na Irlanda e será listada na bolsa de Nova York, segundo a proposta.

Sob os termos do plano, os ativos da JBS Foods International vão incluir as operações internacionais do grupo, além da Seara Alimentos, disse o presidente-executivo da companhia, Wesley Batista, em entrevista.

A proposta precisa de aprovações de acionistas e de órgãos reguladores. A expectativa é que o plano possa ser concluído até novembro, disse o executivo. Os negócios do grupo JBS continuarão a ser comandados do Brasil, acrescentou.

O anúncio do plano acontece uma década depois que Wesley e seu irmão Joesley Batista embarcaram em uma onda de aquisições globais de 19 bilhões de dólares que levou uma empresa nascida como um frigorifico pequeno no Centro-Oeste brasileiro a comprar rivais na América do Sul, Estados Unidos, Europa e Austrália. Os Batista controlam cerca de 45 por cento da JBS.

"Nos vemos como uma companhia global de alimentos que nasceu no Brasil e é assim que queremos ser reconhecidos: como uma empresa global", disse Wesley Batista em seu escritório em São Paulo.

Se executado, o plano tornará a JBS a primeira multinacional brasileira com uma divisão clara entre ativos locais e globais, ressaltando o interesse dos Batista em criar uma plataforma que facilite crescimento mais rápido, reduza custos de capital e tributos e com acesso a uma base mais ampla de investidores.

A JBS Foods International terá uma base de ativos que vai da Argentina aos EUA, além de Reino Unido e Austrália. A nova empresa terá 35 bilhões de dólares em receita anual e empregará 115 mil funcionários em mais de quatro continentes.

Atualmente, a JBS SA obtém mais de 80 por cento de sua receita anual em dólares e emprega 240 mil pessoas no mundo. A nova JBS SA terá cerca de 30 bilhões de reais em receita anual e 125 mil funcionários.

Segundo Batista, a administração da compahia e sua família vinham discutindo a reformulação da estrutura corporativa da JBS por mais de um ano. A proposta prevê uma troca de ações que será decidida assim que a divisão dos ativos do grupo for anunciada, disse ele. O executivo acrescentou que a transação será executada "independente das condições dos mercados".

A JBS SA vai oferecer aos acionistas minoritários a troca de suas ações pelos papéis da JBS Foods International, com a troca estando sujeita à manutenção de um mínimo de 25 por cento de free-float da JBS SA na BM&FBovespa.

Perguntado se o plano de reorganização poderá ser afetado por alegações de que a empresa teria feito doações ilegais ao Partido dos Trabalhadores na campanha presidencial de 2014, Batista respondeu que os investidores "estão cada vez menos preocupados com este assunto". A JBS nega ter feito qualquer doação ilegal ao PT.