Lava Jato investiga propina de R$40 mi em contratos de fornecedoras de tubos da Petrobras

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A força-tarefa da Lava Jato deflagrou nesta terça-feira a 30ª fase da operação para investigar o pagamento de propina de pelo menos 40 milhões de reais pelas empresas fornecedoras de tubos para a Petrobras Confab e Apolo Tubulars para pessoas envolvidas no esquema bilionário de corrupção na estatal, incluindo o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

A Confab, que é acionista da Usiminas e faz parte do grupo Techint, um dos controladores da siderúrgica brasileira, efetuou pagamentos irregulares de 9,4 milhões de dólares para beneficiários do esquema por meio de empresas no exterior, enquanto a Apolo pagou 6,6 milhões de reais, de acordo com o procurador do Ministério Público Federal Roberson Pozzobon.

"A Apolo Tubulars e a Confab passam a ser investigadas e seus executivos passam a ser investigados no âmbito da operação Lava Jato, pois se revelou que ambas pagaram juntas mais de 40 milhões de reais em propina. Sobre os executivos dessas duas empresas já pendem indicativos contundentes de práticas ilícitas", afirmou o procurador em entrevista coletiva em Curitiba, onde estão concentradas as investigações.

Segundo as investigações, os pagamentos foram direcionados principalmente a Dirceu, que já foi condenado a 23 anos de prisão por crimes cometidos no âmbito da Lava Jato, e ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, condenado em três ações diferentes relacionados à operação, com pena de prisão que soma mais de 50 anos.

As duas empresas de tubos têm contratos com a estatal que totalizam montante superior a 5 bilhões de reais, de acordo com o Ministério Público Federal.

A Confab informou, por meio de nota, que não tem evidências de que seus executivos tenham efetuado pagamentos ilegais para a obtenção de negócios com a Petrobras e que está colaborando com a investigação das autoridades. Um representante da Apolo disse que a empresa está colaborando com as investigações.

Uma terceira empresa fornecedora de tubos para a Petrobras, a V&M do Brasil, do grupo francês Vallourec, também é suspeita de ter realizados pagamentos ilegais a José Dirceu como parte do esquema de propina, mas ainda não há provas suficientes e os fatos permanecem sob investigação pela PF.

"A situação da V&M do Brasil está em apuração ainda, mas os repasses dela, através da Interoil, chegaram à JD Assessoria (empresa de Dirceu) através de um escritório de advocacia, em operações bem atípicas", disse o delegado Igor Romário de Paula.

A Vallourec e a Interoil Representações não responderam de imediato a pedidos de comentários.

A nova fase da Lava Jato foi deflagrada apenas um dia após a prisão de um ex-funcionário do PP na 29ª fase da operação, que encerrou um intervalo de mais de 40 dias sem ações da operação nas ruas e foi a primeira desde que o presidente interino Michel Temer assumiu a Presidência no lugar da presidente afastada Dilma Rousseff.

A operação desta terça-feira também acontece um dia após o senador Romero Jucá (PMDB-RR) ter se afastado do comando do Ministério do Planejamento depois da divulgação de uma conversa, pelo jornal Folha de S.Paulo, em que ele teria sugerido um pacto para tentar paralisar a Lava Jato, na primeira grande crise em menos de duas semanas de governo Temer.

(Por Pedro Fonseca; Reportagem adicional de Alberto Alerigi e Caroline Stauffer, em São Paulo, e Jeb Blount, no Rio de Janeiro)

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