Obama cobra respeito a direitos humanos no Vietnã após bloqueio a ativistas
Por Matt Spetalnick e Martin Petty
CIDADE DE HO CHI MINH, Vietnã (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cobrou o Vietnã nesta terça-feira para que o país respeite as liberdades políticas, depois que críticos do governo comunista foram impedidos de encontrá-lo em Hanói, uma nota discordante em uma viagem que, de resto, foi marcada por um tom amigável entre os dois ex-inimigos.
Na segunda-feira, Obama anunciou que Washington irá suspender totalmente um embargo à venda de armas letais ao Vietnã, removendo o maior obstáculo remanescente entre dois países que se aproximaram devido ao temor em comum da escalada militar da China.
Críticos disseram que, ao retirar a proibição, um vestígio da Guerra do Vietnã, Washington colocou suas preocupações com a assertividade de Pequim no Mar do Sul da China em primeiro lugar e desistiu de pressionar para que Hanói melhore seu histórico de direitos humanos.
Um intelectual proeminente, Nguyen Quang A, disse à Reuters que cerca de 10 policiais foram à sua casa às 6h30 do horário local e o levaram de carro para fora da capital até Obama estar prestes a ir embora.
Um advogado crítico do governo também relatou ter sido impedido de participar de uma reunião que Obama teve com seis outros líderes da sociedade civil.
Discursando mais tarde, Obama observou que vários ativistas foram impedidos de comparecer e disse que isso é um sinal de que, apesar de algumas reformas legais "modestas", "ainda há gente que acha muito difícil se reunir e se organizar pacificamente para tratar de temas com os quais se preocupam profundamente".
"Ainda existem áreas de preocupação significativa em termos de liberdade de expressão, liberdade de reunião, prestação de contas no que diz respeito ao governo", afirmou, acrescentando mais tarde em discurso que advogar os direitos humanos não é uma ameaça à estabilidade.
Quang A, um ex-empreendedor de tecnologia da informação, foi um dos mais de 100 vietnamitas que tentaram concorrer como independentes na eleição da semana passada para o parlamento, que é controlado rigidamente pelo Partido Comunista – quase todos foram barrados nas cédulas eleitorais.
O Ministério das Relações Exteriores do Vietnã não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
(Reportagem adicional de My Pham, Ho Binh Minh e Mai Nguyen em Hanói e John Ruwitch em Xangai)