Dólar sobe 0,61% e encosta em R$3,60, maior patamar desde abril, com fluxo e política

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta e voltou a encostar em 3,60 reais nesta quarta-feira, no maior patamar em mais de um mês e meio, sucumbindo às preocupações com o cenário político e à cautela pré-feriado, com operadores citando fluxo de saída de divisas no mercado à vista relacionado à formação da Ptax no fim do mês.

A moeda norte-americana chegou a recuar a 3,55 reais pela manhã, após o presidente interino Michel Temer passar por seu primeiro teste no Congresso Nacional com a aprovação da nova meta fiscal para este ano. Mesmo assim, operadores continuaram preocupados com a possibilidade de o Legislativo dificultar a aprovação de medidas de austeridade fiscal.

O dólar avançou 0,61 por cento, a 3,5974 reais na venda, maior nível de fechamento desde 7 de abril (3,6937 reais).

A moeda norte-americana chegou a 3,5520 reais na mínima e 3,6225 reais na máxima da sessão, maior cotação intradia desde 8 de abril (3,6694 reais). O dólar futuro avançava cerca de 0,60 por cento no fim desta tarde.

"O mercado continua bastante apreensivo com o (cenário) político e isso aumenta a volatilidade", disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.

O governo anunciou na véspera algumas medidas econômicas para tentar acertar as contas públicas do país, como limite de gastos, mas que dependem da aprovação do Legislativo.

Operadores citaram fluxo de saída de divisas no fim da manhã relacionado à Ptax, taxa calculada diariamente pelo Banco Central brasileiro que serve de referência para diversos contratos cambiais. Conforme se aproxima o fim do mês, muitos operadores costumam disputar para deslocar a taxa a patamares favoráveis a suas posições.

Operadores também desmontaram apostas antes do feriado de Corpus Christi, que manterá os mercados financeiros fechados na quinta-feira e deve limitar a liquidez na sexta-feira. O volume de negócios foi baixo neste pregão, mantendo a tendência vista nas últimas semanas.

O dólar operou em queda durante boa parte da manhã, após o Congresso dar o aval nesta madrugada para que o governo registre déficit primário de 170,5 bilhões de reais neste ano, alterando a meta original de superávit primário de 24 bilhões de reais.

Mas os investidores continuaram cautelosos em relação às perspectivas políticas brasileiras e ressaltaram que os esforços para reequilibrar as contas públicas ainda podem enfrentar muitas dificuldades no Congresso.

"Agora passou a lua-de-mel e o governo Temer está dando os primeiros passos no Congresso, começando a tomar as medidas concretas", disse o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.

O Banco Central não realizou qualquer intervenção cambial para esta sessão, mantendo-se ausente do mercado pela quinta sessão consecutiva.

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