Presidente da Eletrobras prepara saída por discordar de venda de ativos, diz fonte

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente da Eletrobras, José da Costa Neto, pretende deixar o comando da companhia e já preparou uma carta de demissão por discordar dos planos do governo Temer para a venda de ativos da estatal, afirmou à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto nesta sexta-feira.

Costa Neto, nomeado pela presidente afastada Dilma Rousseff, está "muito incomodado" com os desinvestimentos em discussão, que incluiriam a privatização das subsidiárias Eletrosul e Furnas, afirmou a fonte.

"Do jeito que estão querendo fazer ele não concorda e não acha que possa agregar algo para o grupo", disse a fonte, sob a condição de anonimato.

Na semana passada, o recém-nomeado ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho (PSB-PE), disse que há um "convencimento" no novo governo sobre a "desmobilização" de ativos da Eletrobras. [nE6N181004]

A saída de Costa Neto, no entanto, pode não ser imediata, uma vez que o governo ainda busca um substituto para comandar a estatal.

"Ele já tentou entregar a carta de demissão ao ministro, que pediu para ele segurar um pouco até a escolha de um novo nome", disse a fonte.

A Eletrobras tem sofrido dificuldades financeiras após anos de prejuízos bilionários e em meio a dificuldades para entregar seu balanço auditado dos anos de 2014 e 2015 à SEC, reguladora do mercado de capitais dos Estados Unidos.

Com o atraso na entrega dos documentos, a Bolsa de Nova York iniciou um processo de deslistagem da elétrica brasileira, que se prepara para recorrer. [nL2N18G097]

Segundo a fonte, Costa Neto defende que os ativos de geração e transmissão da estatal sejam agrupados em diferentes subsidiárias, que então teriam o capital aberto no mercado. Apenas Itaipu e as usinas nucleares ficariam de fora desse processo.

O executivo teria apoiado essa alternativa como meio de o governo "arrecadar os recursos necessários para fazer frente ao déficit fiscal e ainda aumentar a competitividade da Eletrobras", disse a fonte.

Maior elétrica do Brasil, a Eletrobras atua em geração, transmissão e distribuição de energia e está envolvida em projetos em andamento que vão desde mega hidrelétricas na Amazônia até uma usina nuclear em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

A estatal fechou o primeiro trimestre com prejuízo líquido de 3,89 bilhões de reais. Em 2015, o prejuízo da elétrica somou 14,44 bilhões de reais. [nL2N18916U]

(Por Rodrigo Viga Gaier)

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