Fabiano Silveira fica no Ministério da Transparência "por enquanto", diz fonte
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, fica no cargo "por enquanto", afirmou à Reuters uma fonte do governo, apesar das gravações que mostram Silveira fazendo críticas à operação Lava Jato.
A avaliação do Planalto é que não há nos diálogos, travados entre o ministro, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado, nada tão incriminador que justifique a demissão. O condicional, no entanto, é por não se saber o que mais pode vir das gravações de Machado e também se a reação contra a manutenção de Silveira pode ser ainda pior.
O segundo caso de gravações envolvendo ministros em críticas à Lava Jato preocupou o Planalto, especialmente pela instabilidade que traz ao governo do presidente interino Michel Temer, que ainda briga para mostrar legitimidade. Ainda assim, disse uma fonte palaciana, houve uma avaliação de que o presidente não pode se dobrar a todas as pressões externas.
Temer conversou com Silveira na noite de domingo, quando as gravações foram divulgadas, mas o presidente interino decidiu esperar as repercussões antes de tomar qualquer atitude. Na manhã desta segunda-feira, Temer chamou a sua sala o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, com quem ficou reunido por cerca de três horas.
A avaliação foi de que a situação de Silveira não era tão complicada quando a do senador Romeiro Jucá (PMDB-RR) - demitido na semana passada depois da divulgação das primeiras gravações de Machado, em que Jucá falava em um pacto para paralisar a Lava Jato.
Apesar de ter feito críticas e ter orientado Machado e o presidente Renan Calheiros sobre como tentar escapar do alcance da operação, Silveira não teria falado diretamente de uma paralisação da operação.
Servidores do órgão, no entanto, chegaram a impedir a entrada de Silveira no prédio e afirmam que só voltarão ao trabalho quando o ministro for exonerado. Chefes de departamento prometem entregar os cargos se o ministro não sair.
Em nota, o sindicato da categoria afirmou que as gravações mostram que Silveira "não preenche os requisitos necessários para estar à frente de um órgão que zela pela transparência pública e pelo combate à corrupção".