Bradesco nega contato de Trabuco com escritório investigado na operação Zelotes
SÃO PAULO (Reuters) - O Bradesco negou nesta terça-feira que tenha contratado um escritório de advocacia tributária investigado na operação Zelotes e se disse surpreso com o indiciamento do seu presidente e de outros dois executivos pela Polícia Federal.
Nesta terça-feira, a Polícia Federal indiciou Luiz Carlos Trabuco e outros dois executivos do segundo maior banco privado do país no âmbito da Zelotes. A notícia provocou a queda de 5 por cento nas ações preferenciais do banco.
Em nota, o Bradesco disse que Trabuco não participou de qualquer reunião com representantes do escritório de assessoria tributária, mas confirmou contato do escritório com os diretores.
Segundo o banco, dois de seus diretores deram depoimentos à Polícia Federal e esclareceram que foram procurados por um escritório de assessoria tributária que se ofereceu para advogar uma questão fiscal junto ao Carf, mas nenhum proposta foi efetivada, porque o assunto já estava com outros tributaristas.
O banco negou ter prometido ou oferecido vantagens indevidas para tentar resolver o assunto, e disse que o indiciamento surpreendeu, já que os dois diretores foram ouvidos apenas como testemunhas e que Trabuco sequer foi ouvido.
GERDAU, SAFRA, MITSUBISHI
Lançada em março do ano passado, a operação Zelotes investiga a atuação de conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para favorecer empresas manipulando julgamentos de processos fiscais.
No começo do mês, a Justiça Federal de Brasília condenou o presidente da MMC Automotores, distribuidora da Mitsubishi no Brasil, por lavagem de dinheiro em um esquema de compra de benefícios fiscais, também investigado pela Zelotes. [L2N1812L9]
Há duas semanas, a PF indiciou 19 pessoas no âmbito da 6a fase da Zelotes, incluindo o presidente-executivo da Gerdau, André Gerdau Johannpeter. Em março, o Ministério Público Federal (MPF) em Brasília já havia denunciado seis pessoas, incluindo o banqueiro Joseph Safra, também por suspeita de manipulação de julgamentos no Carf. [L2N17316Z] [L2N18D1AO]
(Por Aluísio Alves)