Caso Oi mostra fragilidade do setor bancário concentrado no Brasil, diz Fitch

(Reuters) - O pedido de recuperação judicial da Oi ressalta os efeitos negativos de um sistema bancário bastante concentrado no Brasil, afirmou nesta sexta-feira a agência de classificação de risco Fitch.

A operadora de telecomunicações pediu recuperação judicial na última segunda-feira, após fracasso em tentar negociar com credores uma reestruturação de parte de dívidas de 65 bilhões de reais.

A dívida bancária da companhia está bastante concentrada nos seis maiores bancos do país, que juntos respondem por mais de 80 do crédito do sistema financeiro. Os maiores credores da Oi são bancos controlados pelo governo - Banco do Brasil, Caixa e BNDES - e também os líderes privados Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil.

Para a Fitch, os bancos privados têm sido mais conservadores, o que lhe dá mais conforto para fazer provisões sobre a Oi no curto prazo e também absorver eventuais perdas com outras grandes empresas.

Os bancos brasileiros geralmente fazem uma provisão equivalente a 30 por cento do crédito feito a empresas que pedem recuperação judicial. A Fitch estima que os bancos podem fazer uma forte provisão extra no curto prazo, dependendo do tipo de exposição e da estrutura de garantias.

Segundo a agência, os principais bancos privados têm níveis adequados de capital que variam 16,4 a 17,9 por cento. "Porém, a capacidade de absorção de perdas pode ficar sob estresse maior no caso de uma prolongada recessão no Brasil ou se houve um crescimento considerável na magnitude e frequência de colapsos de grandes grupos."

A Reuters publicou na quarta-feira citando fonte a par do assunto que o Banco do Brasil fará uma provisão adicional de cerca de 650 milhões de reais no balanço do segundo trimestre, após o anúncio feito pela Oi.

Segundo a Fitch, exemplos bem sucedidos de reestruturação de dívida no Brasil são raros e as perspectivas para um acordo rápido entre vários credores e fornecedores da Oi não parecem boas, especialmente com relatos sugerindo que a Oi tem pressionado para um corte de cerca de 50 por cento da dívida.

O aumento de provisões para perdas são um dos fatores que mais devem pesar sobre a rentabilidade do setor bancário brasileiro neste ano e na primeira metade de 2017, afirmou a agência.

A Fitch comentou ainda que os bancos informaram à agência que estão reduzindo apetite por risco e reduzindo limites para encolher concentrações diante dos problemas enfrentados pelo setor corporativo.

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