Dólar passa a subir frente ao real após Ilan citar janela para redução de estoque de swaps
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar anulou a queda e passou a subir ante real após o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmar ao Valor PRO que foi aberta uma janela que permite a redução do estoque de swaps tradicionais, que equivalem a venda futura de dólares.
Mais cedo, o BC havia vendido a oferta total em leilão de até 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares, mas investidores consideraram o lote pequeno e ajudou o dólar a cair no início dos negócios. Foi a primeira ação do BC no mercado sob a batuta de Ilan.
Às 11:33, o dólar avançava 0,57 por cento, a 3,2315 reais na venda, após chegar a 3,1966 reais na mínima do dia. A moeda norte-americana acumulou baixa de 11,05 por cento em junho, a maior queda mensal em 13 anos.
O dólar futuro subia cerca de 0,50 por cento.
"Ilan veio a público para forçar o câmbio a corrigir exageros, deixar claro que está de olho", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Na entrevista, Ilan diz que foram abertas as condições internacionais e domésticas para reduzir os estoques de swaps cambiais e que seu objetivo era manter o regime de câmbio flutuante.
O BC não fazia leilão de swap reversos desde 18 de maio, mesmo diante do tombo recente do dólar. A ausência gerou entre investidores a percepção de que Ilan estaria mais disposto a tolerar cotações mais baixas do que seu antecessor, Alexandre Tombini.
Tombini fez uso intenso de swaps reversos para diminuir a exposição cambial do BC, com o estoque de swaps tradicionais caindo de mais de 100 bilhões de dólares no ano passado para pouco mais de 60 bilhões de dólares agora.
A operação desta sessão equivaleu a compra futura de 500 milhões de dólares.
"Ao que tudo indica, não se trata de defesa de nível ou sinalização de piso (para a cotação), mas apenas a cumprimento do que Illan tem sinalizado quanto ao desmonte gradual da exposição cambial... bem como ao natural controle de excessos no mercado cambial", escreveram analistas da corretora H. Commcor em nota a clientes.
Alguns operadores cogitavam que o BC de Tombini poderia ter como objetivo proteger as exportações da queda do dólar.
Nos mercados internacionais, o dólar recuava em relação às principais moedas da América Latina ao fim de uma semana marcada por fortes altos e baixos. As preocupações com a opção do Reino Unido por deixar a União Europeia cederam lugar para expectativas de estímulos monetários no resto do mundo para evitar turbulências financeiras.
Os mercados norte-americanos não abrirão na segunda-feira devido ao feriado do Dia da Independência.
(Por Bruno Federowski)