Ciudadanos indica que não vai boicotar governo conservador na Espanha
MADRI (Reuters) - O pequeno partido liberal espanhol Ciudadanos não vai nem apoiar nem boicotar um governo liderado pelo conservador Partido Popular (PP), disse seu líder, Albert Rivera, nesta terça-feira, revelando sua postura mais flexível até o momento depois de meses de impasse político e da reprise de uma votação.
O PP venceu a eleição geral de junho, a segunda em seis meses, mas não conquistou uma maioria parlamentar. Seu líder, o primeiro-ministro interino espanhol, Mariano Rajoy, deve agora convencer outros partidos a se juntarem a um governo de coalizão ou, pelo menos, a se absterem de uma moção de confiança que poderia inviabilizá-lo.
O cenário político espanhol se fragmentou nos últimos anos devido ao surgimento de novos partidos, incluindo o Ciudadanos, em reação às medidas de austeridade impostas pela Europa durante a crise econômica.
"Não estaremos no governo, nem o apoiaremos", disse Rivera, cuja legenda pró-empresariado perdeu cadeiras na segunda votação. Ele afirmou que seu partido ainda tem que decidir como se posicionar em qualquer votação de investidura de Rajoy na quarta-feira.
Rivera, entretanto, também disse que não deve ocorrer uma repetição das longas negociações de formação de governo do último semestre e que está disposto a fazer sua parte para resolver o impasse.
"Todos nós temos que ceder em alguma coisa. Dados os resultados da eleição, não podemos continuar assim 18 dias mais tarde. Temos que mudar e formar um governo o mais rápido possível", disse.
Essa tomada de posição foi mais conciliadora do que declarações anteriores do Ciudadanos, que na semana passada também desistiu de vetar um gabinete liderado pelo PP com Rajoy à sua frente.
O Ciudadanos ficou em quarto lugar no pleito de junho, conquistando 32 assentos no parlamento. Isso não basta para permitir a formação de um governo do PP, seja de maioria ou minoria, mas uma abstenção aumentaria a pressão para o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que ficou na segunda colocação com 85 cadeiras, seguir o exemplo.
(Por Maria Vega Paul e Sonya Dowsett)