Gilmar Mendes diz que Lava Jato não pode combater ilegalidades cometendo crimes
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou nesta sexta-feira que não é contra a operação Lava Jato, que investiga um bilionário esquema de corrupção no país, mas ressaltou que não se pode combater ilegalidades cometendo crime, em referência a possíveis excessos da operação.
“Não sou contrário à Lava Jato, pelo contrário. Eu tenho defendido as investigações e têm sido decisivas para a mudança do Brasil, mas devemos observar os parâmetros legais”, disse o magistrado a jornalistas durante visita a Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Mendes disse recentemente à mídia que alguns procuradores envolvidos na Lava Jato deveriam ser eles mesmos investigados pela própria operação, se referindo a suposto vazamento por procuradores de dados das negociações de delação premiada do ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, supostamente citando o ministro do STF Dias Toffoli.
De acordo com Mendes, o vazamento da suposta citação a Toffoli, que já foi negada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pode ter partido de dentro da própria Lava Jato. [nL1N1B41WV]
"Não se combate crime cometendo crime... tem que evitar abusos, excessos, e qualquer tipo de constrangimento ilegal”, afirmou o ministro do Supremo
Na segunda-feira, a Procuradoria-Geral da República anunciou que encerrou as negociações com o ex-presidente da OAS que visavam a um acordo de delação no âmbito da Lava Jato.
O ministro Gilmar Mendes, que é o atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse ainda em Duque de Caxias que vai pedir ajuda da Polícia Federal na investigação de casos de atentados e ataques a candidatos a prefeito e a vereador em cidades brasileiras para a eleição de outubro.
Nos últimos meses foram registradas na Baixada Fluminense ao menos 13 ocorrências desse tipo, inclusive com a morte de alguns candidatos. Mendes revelou que pediu ao Ministério da Justiça para que a PF ajude a investigar incidentes eleitorais.
“A PF é o braço policial judicial, e pela sua técnica e função pode ser competente nas investigações em todo o país”, afirmou o ministro. “Tem casos que são de segurança e não obrigatoriamente eleitoral“, acrescentou.
Já está definido que as Forças Armadas vão atuar nas eleições municipais no Estado do Rio de Janeiro a pedido do governo estadual, e a Baixada Fluminense deve receber uma atenção especial das forças de segurança no pleito de outubro.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)