Fatiamento de votação de impeachment pode beneficiar Cunha, dizem aliados do deputado

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - A decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, de fatiar a votação de julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, pode beneficiar o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de um processo de cassação de mandato, avaliaram aliados do parlamentar.

Segundo dois deputados próximos a Cunha, a decisão de Lewandowski, que presidia o julgamento do impeachment nesta quarta-feira --de permitir uma votação para definir se Dilma seria condenada por crimes de responsabilidade e perderia o mandato, e outra para decidir se os direitos políticos da petista seriam mantidos-- abre a brecha para que sejam apresentadas emendas ao processo por quebra de decoro parlamentar de Cunha, podendo resultar, inclusive, na redução da pena ao ex-presidente da Câmara.

A previsão é que o processo de cassação do mandato de Cunha seja analisado pelo plenário da Câmara no dia 12 de setembro. A data foi definida pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que em declarações defendia que a votação teria de ser marcada em um dia que houvesse quórum razoável na Câmara.

Por isso mesmo, informou um outro parlamentar que não faz parte do grupo de Cunha, o foco do deputado, no início da semana, era evitar que o quórum seja alcançado.

O deputado teria telefonado para diversos colegas, pedindo pessoalmente que se abstenham de comparecer à sessão, tendo como álibi o envolvimento com a campanha para as eleições municipais de outubro.

Cunha sofre um processo de cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar, sob o argumento de ter mentido em depoimento à CPI da Petrobras no ano passado ao negar ter contas bancárias no exterior.

Na ocasião, o deputado disse ter apenas as contas declaradas em seu imposto de renda, mas documentos dos Ministério Públicos do Brasil e da Suíça, posteriormente, apontaram contas de Cunha e de familiares no país europeu. O parlamentar nega ser dono de contas, mas admite que é o beneficiário de um trust.

Além do processo que corre na Câmara, o parlamentar é réu em duas ações penais no Supremo Trinunal Federal (STF).

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