Mirando história, petistas reforçam discurso do golpe em julgamento de impeachment no Senado
Por Leonardo Goy e Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - Os aliados da presidente afastada Dilma Rousseff reforçaram, em seus discursos no julgamento do impeachment no Senado nesta terça-feira, a tese de que o impedimento da petista seria um golpe, mirando no registro histórico dessa versão, em meio ao descrédito que já há entre eles em relação ao resultado da votação.
“Presidenta, pode dormir tranquila. A história te reserva um lugar de honra, ao contrário de quem votar pelo impeachment”, discursou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
O senador, um dos principais defensores de Dilma ao longo do processo no Senado, disse que o que está ocorrendo é “um tribunal de exceção".
"As provas são irrelevantes”, disse.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil de Dilma e também uma das mais aguerridas defensoras da petista, comparou o processo de impeachment com outros momentos da história, como a deposição do ex-presidente João Goulart pelos militares em 1964.
“Toda vez que avançamos em conquistas sociais em décadas passadas, com Vargas ou Goulart, ou nos anos recentes, com Lula e Dilma, sob os mais cínicos e despudorados pretextos, marretam o povo e suas tímidas conquistas", disse Gleisi.
"Ontem, era o espectro do comunismo. Agora, essa ridicularia de pedaladas e irresponsabilidade fiscal, devidamente fulminadas neste plenário – ontem pela presidenta Dilma e, hoje, pela brilhante defesa que fez o ex-ministro e Advogado José Eduardo Cardozo”, disse Gleisi.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), disse que a versão dos petistas do golpe está tendo repercussão fora do país. “Não podemos aqui patrocinar esse golpe parlamentar. E não adianta ficarem irritados por que nós usamos a expressão ‘golpe’. Não somos nós apenas, é o mundo inteiro, é a opinião pública mundial, são os grandes órgãos da imprensa do mundo”, disse o líder.
Os discursos no Senado continuam até as 3h da madrugada da quarta-feira. A sessão será retomada na quarta-feira às 11h para iniciar a votação do julgamento do impeachment.