Presidentes de DEM e PSDB cobram PMDB após manutenção de direitos de Dilma

Por Eduardo Simões

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - Os presidentes do DEM, senador José Agripino Maia (RN), e do PSDB, senador Aécio Neves (MG), cobraram nesta quarta-feira compromisso do PMDB com a base aliada do presidente Michel Temer após o Senado decidir manter a presidente cassada Dilma Rousseff habilitada para exercer cargos públicos.

A manutenção da habilitação de Dilma em votação separada da que resultou na cassação do mandato da petista, com votos de senadores do PMDB, provocou incômodo e desconforto entre parlamentares do DEM e do PSDB, partidos que apoiam Temer, embora o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), tenha negado abalos na base.

"Há necessidade urgente de o presidente Temer interferir diretamente, fazer uma reunião com os partidos e exigir uma coisa que nós exigimos. Não dá para um partido se comportar com lealdade aos princípios do governo e do país e a outra parte da base fazer o que bem quer", disse Agripino a jornalistas.

"Ou todos trabalham unidos em torno do interesse do país e seguem a orientação do governo ou esse barco não vai aportar em porto seguro", acrescentou.

Aécio, candidato derrotado por Dilma em 2014, se disse surpreso coma decisão de manutenção da habilitação de Dilma, especialmente pelo fato de, segundo ele, "importantes líderes do PMDB", terem votado pela manutenção dos direitos da petista.

"É preciso --e fica aqui esse alerta do presidente nacional do PSDB-- que o partido do hoje presidente Michel Temer diga com clareza até onde vai o seu compromisso com o próprio governo e com essa nova agenda", disse o tucano.

"Gerou um desconforto enorme em líderes importantes do PSDB essa movimentação de última hora do PMDB. Vamos avaliar o que ocorreu. É preciso que o presidente Michel assuma a liderança de todo esse processo", afirmou.

Apesar do incômodo gerado pela decisão de manter os direitos políticos da presidente cassada, o líder do governo no Senado, que foi candidato a vice de Aécio em 2014, disse que o caso não terá impactos na união da base de sustentação a Temer.

"Não abala em nada", disse Aloysio Nunes à Reuters por telefone. "O objetivo principal que era o impeachment foi atingido", acrescentou o líder que, no entanto, avaliou a decisão do Senado de manter Dilma habilitada para o exercício de cargos públicos como equivocada.

(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello em Brasília)

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