Museus da Itália mostram dificuldade em transformar riqueza cultural em lucro

Por Isla Binnie

CASERTA, Itália (Reuters) - Onde os reis de Nápoles outrora estacionavam suas carruagens puxadas por cavalos, os guardiães de um símbolo mais duradouro da Itália –o queijo mussarela– estão montando seu quartel-general.

Alugar a garagem de carruagens do palácio de Caserta para um consórcio que promove a marca mussarela é algo típico da abordagem de inclinação comercial de Mauro Felicori, membro de uma nova casta de diretores de museu que está tentando obter mais retorno da rica cultura italiana.

O ex-palácio dos Bourbon, que tem 1.200 cômodos, é um dos 20 locais que receberam novos diretores no ano passado, parte de uma iniciativa do governo para revitalizar a herança cultural do país depois de anos de cortes.

As instalações em questão passaram a ter um controle inédito sobre seus orçamentos e um mandato para aumentar seus próprios fundos. Elas não têm mais que enviar toda sua renda aos cofres de Roma.

"Nós nos comportamos como pequenos empresários", disse Felicori, que ampliou o horário de funcionamento e começou a vender ingressos noturnos por um euro. O negócio com a garagem de carruagens irá render mais de 1,2 milhão de euros ao longo de 12 anos.

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, aumentou o orçamento do Ministério da Cultura em 27 por cento, ou para 2,1 bilhões de euros, e prometeu investir em locais como o Caserta, cujo teto desabou parcialmente em 2014.

Mas as tentativas de inovar vêm sendo prejudicadas por regras laborais rígidas e pela burocracia, o que enfatiza os desafios que Renzi enfrenta para dinamizar o setor público e fortalecer uma economia estagnada.

Alguns meses depois de Felicori assumir, sindicatos laborais escreveram ao Ministério da Cultura para se queixar de que ele trabalhava até muito tarde da noite, "um comportamento (que) coloca toda a estrutura em risco".

Renzi defendeu o diretor, dizendo que "acabou a brincadeira" para os sindicatos.

O turismo representa mais de 10 por cento da produção econômica italiana, mas pouco tem sido feito para desenvolver o setor.

Até o ano passado, só 4 dos 400 museus estatais tinham um restaurante, e 80 por cento não possuem livraria, o que significa que fontes de renda em potencial não estão sendo aproveitadas.

A receita de todos os museus estatais cresceu 16 por cento nos primeiros quatro meses de 2016, chegando a 41,6 milhões de euros –uma melhoria, mas ainda pequena comparada com os mais de 100 milhões de euros que o Louvre, em Paris, arrecada todos os anos com a venda de ingressos, patrocínios e promoções.

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