Petrobras enfrenta problemas em térmica e terminal GNL colocados à venda
Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A estatal Petrobras tem enfrentado problemas com um terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) e uma termelétrica instalados no Ceará, que fazem parte de um pacote de ativos colocado à venda em junho deste ano, em meio ao bilionário plano de desinvestimentos da companhia.
Documento da petroleira visto pela Reuters aponta que a Secretaria de Infraestrutura do Ceará pretende utilizar para outros fins a área atualmente ocupada pelo terminal de GNL da Petrobras no Porto de Pecém, o que a companhia entende que "pode resultar em desmobilização" da unidade.
A Petrobras também afirma no documento que tem enfrentado "inúmeros problemas" na operação de uma termelétrica abastecida pelo terminal, a UTE TermoCeará, atribuídos a "vícios ocultos no projeto das turbinas" da usina.
A companhia estima no documento que as falhas na térmica, que incluem "danos catastróficos" em três turbinas, já levaram a uma indisponibilidade acumulada das máquinas que exigiu a compra de 273 milhões de reais em energia no mercado para compensar o que deixou de ser produzido.
A TermoCeará pertencia originalmente à MPX, empresa de energia do empresário Eike Batista, e foi comprada pela Petrobras em 2005 por 137 milhões de dólares.
No documento visto pela Reuters, a estatal afirma que investiu cerca de 31,7 milhões de reais entre 2010 e 2015 na usina, incluindo para manutenção e substituição de equipamentos, mas aponta que ainda assim "as dificuldades vêm sendo grandes" e podem levar à "inviabilidade comercial" da planta.
A TermoCeará possui 220 megawatts de potência, o que representa 3,5 por cento do parque gerador da Petrobras, que soma 6,2 gigawatts.
Já o terminal de regaseificação de GNL da Petrobras no Ceará conta com capacidade de transferir até 7 milhões de m³/dia de gás natural para o Gasoduto Guamaré- Pecém (Gasfor). A unidade é uma das duas de GNL da companhia, e soma-se a um terminal no Rio de Janeiro com capacidade para escoar até 14 milhões de m³/dia.
Na documentação, a Petrobras afirma que a intenção do governo do Ceará de utilizar a área ocupada pelo terminal GNL em Pecém decorre de exigência do Ministério Público Federal de que sejam encerradas atividades de tancagem de derivados de petróleo atualmente exercidas no Porto de Mucuripe, que precisariam ser transferidas.
"Como o compartilhamento das duas atividades no mesmo terminal é inviável, a intenção da Seinfra-CE/Ceará Portos pode resultar em desmobilização do terminal de GNL... há um grande risco da UTE TermoCeará perder o suprimento de GNL", afirmou a Petrobras.
Tanto o terminal de GNL no Ceará quanto a UTE TermoCeará estão à venda, após a Petrobras ter anunciado em junho a abertura de um processo competitivo para buscar compradores para esses ativos, em um pacote que inclui também o terminal GNL da companhia no Rio de Janeiro e todas termelétricas associadas a essas unidades.
Questionada sobre o assunto, a Petrobras não comentou imediatamente.
A Secretaria de Infraestrutura do Ceará disse que o governo local e a Petrobras "estão em tratativas para analisar o GNL e a repercussão em outros projetos estratégicos do Estado