Dólar fecha praticamente estável em sessão de cautela antes de debate nos EUA
Por Claudia Violante
São Paulo (Reuters) - O dólar encerrou a segunda-feira com ligeira alta ante o real, numa sessão de bastante vaivém, influenciada pela forte valorização do petróleo no mercado internacional e expectativa pelo resultado do primeiro debate entre os candidatos Hillary Clinton e Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos.
O dólar teve variação positiva de 0,01 por cento, a 3,2474 reais na venda. Na mínima do dia, a moeda norte-americana recuou a 3,2243 reais e, na máxima, chegou a 3,2550 reais. O dólar futuro operava praticamente estável, com ligeira queda de 0,05 nesta tarde.
"O mercado ficou dois para lá dois para cá o dia todo. Hoje foi um dia de pouco volume, uma sessão de espera", comentou um economista de uma gestora nacional.
A divulgação do Relatório Trimestral de Inflação pelo Banco Central, na manhã de terça-feira, também serviu para trazer cautela ao mercado cambial.
No documento, os agentes esperam obter mais subsídios para calibrar suas apostas sobre o corte de juros no Brasil.
Durante a sessão desta segunda-feira, a curva de juros norte-americana ajudou a pressionar o dólar para baixo ante o real. Isso porque diminuíram as apostas para um aumento da taxa básica dos EUA. Se não subir os juros, significa que países emergentes como o Brasil ganham mais tempo para se beneficiar de fluxo de recursos à procura de retornos mais atrativos.
Segundo profissionais do mercado, houve redução nas apostas de um aumento de juros embutidas para o encontro do Federal Reserve, banco central norte-americano, de dezembro, que passaram para 50,5 por cento nesta segunda-feira, de 55,4 por cento na sexta-feira, e também para o encontro de fevereiro, para 54,6 por cento, de 59,1 por cento na mesma comparação.
O mercado tem avaliado que a tendência para a trajetória da moeda norte-americana no Brasil é de baixa, justamente porque o Fed sinalizou maior gradualismo para elevar os juros nos Estados Unidos no encontro de política monetária da última semana.
Como a taxa de juros brasileira é bastante elevada --14,25 por cento ao ano--, nosso mercado é um dos que mais atraem os investidores.
Nem mesmo a perspectiva de corte da taxa Selic deve atrapalhar esse movimento, já que, se o Banco Central de fato fizer isso em seu encontro de outubro, os juros domésticos ainda seguirão bastante elevados.
Na abertura, a moeda chegou a ensaiar uma alta, mas o movimento foi fraco e não se sustentou.
"O dólar não segurou a alta e passou a cair porque as condições internas estão melhores", comentou pela manhã um operador de uma corretora nacional.
O mercado leu com bons olhos o resultado da pesquisa Focus do início desta segunda-feira e a nova fase da operação Lava Jato.
O levantamento divulgado pelo Banco Central trouxe perspectivas menores para a inflação ao final deste ano e também de 2017, e reduziu marginalmente a estimativa do câmbio ao final de 2016..
Pela manhã, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci foi preso pela Polícia Federal por suspeita de relação criminosa do petista com o grupo Odebrecht.
"Essas operações ajudam na credibilidade brasileira e, apesar de não ser determinante hoje no mercado, contribuiu para um viés favorável", disse o operador.
No exterior, a cautela predominou nesta sessão, com queda das bolsas europeias --destaque para o forte recuo dos papéis do Deutsche Bank-- e forte avanço do preço do barril do petróleo.
O primeiro debate entre os presidenciáveis norte-americanos Hillary Clinton e Donald Trump também esteve na mira do mercado. Pesquisa Reuters/Ipsos mostrou que metade dos eleitores dos EUA vão contar com os debates para escolher entre os candidatos.
O Banco Central vendeu hoje lote integral de 5 mil contratos de swap cambial reverso --equivalente à compra futura de moeda.
(Por Claudia Violante; Edição de Camila Moreira e Luiz Gerbelli)