Palocci era gestor do caixa ilícito do PT com a Odebrecht, diz Lava Jato
(Reuters) - O ex-ministro Antonio Palocci, preso na nova fase da Lava Jato deflagrada nesta segunda-feira, era o gestor de um caixa ilícito do PT com o grupo Odebrecht, disseram membros da força-tarefa da operação.
Segundo a procuradora Laura Gonçalves Tessler, valores repassados a Palocci em razão de atuação irregular chegam a 128 milhões de reais, mais um saldo remanescente de 70 milhões de reais em outubro de 2013. A maior parte dos recursos era destinada ao partido, mas uma pequena quantia teria sido destinada ao próprio ex-ministro, segundo os investigadores.
Palocci foi ministro da Fazenda no início do governo Lula e ministro-chefe da Casa Civil no início do governo Dilma. Em ambos os casos deixou o cargo que ocupava em meio a denúncias de irregularidades.
A 35ª fase da Lava Jato investiga a atuação de Palocci em favor da Odebrecht junto ao governo federal em troca de pagamentos indevidos em diferentes frentes.
"Marcelo Odebrecht atrelava doações eleitorais, e principalmente as que ele coordenava, às vantagens que seu grupo empresarial poderia obter", disse o delegado Filipe Hille Pace em entrevista coletiva sobre a nova etapa.
"Não havia só vinculação específica com contratos para pagamento de propinas, travestidos de doação eleitoral, mas também uma visão mais genérica. Ele paga doação às margens de contabilidade legal condicionadas a vantagens que seu grupo teve ou iria ter com isso", acrescentou.
Segundo Pace, Marcelo Odebrecht "coordenava e autorizava diversos pagamentos de propina, não só para Antonio Palocci Filho, mas para obras em vários níveis de administração, federal, estadual".
O delegado disse que Odebrecht autorizou pagamentos de propinas relacionados a, entre outras obras, linha 2 do metrô de São Paulo, metrô de Ipanema do Rio de Janeiro e reforma no aeroporto Santos Dumont.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)