Samarco deixa de pagar juros de bônus de US$500 mi com vencimento em 2024, diz banco
Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A mineradora Samarco, a empresa brasileira de minério de ferro que suspendeu suas operações em novembro do ano passado após um desastre em uma barragem, deixou de fazer o pagamento de juros de um bônus que venceu nesta segunda-feira, disse o banco custodiante Bank of New York Mellon Corp.
Como resultado, a Samarco tem 30 dias para fazer o pagamento, ou então investidores que detêm ao menos 25 por cento do bônus de 500 milhões de dólares poderão declarar o vencimento imediato do principal, de acordo com termos contratuais do bônus com vencimento em setembro de 2024 e cupom de 5,375 por cento.
A Samarco, bem como as suas controladoras Vale e a BHP Billiton, não quiseram comentar o assunto. Ao menos dois detentores de bônus disseram que o pagamento que venceu na segunda-feira era de cerca de 13,5 milhões de dólares.
"Não recebemos qualquer dinheiro ou informação da Samarco hoje", afirmou em comunicado à Reuters, nesta segunda-feira, um porta-voz do Bank of New York Mellon.
O preço do bônus caiu para 33,625 centavos por dólar, oferecendo um rendimento de 24,886 por cento na segunda-feira, ante preço de 34,25 centavos na sexta-feira. O preço do bônus caiu de cerca de 87 centavos em novembro, quando a barragem de rejeitos da mineradora em Mariana (MG) se rompeu, gerando um rio de lama que matou 19 pessoas, deixou centenas desabrigadas e poluiu o rio Doce, no que é considerado o maior desastre ambiental do país.
Detentores de bônus e analistas disseram que a decisão de segunda-feira pode desencadear uma nova rodada de negociações com os detentores de bônus, em meio a crescentes incertezas sobre quando a empresa vai retomar suas atividades.
A Samarco tem 2,2 bilhões de dólares de dívidas em bônus e cerca de 1,6 bilhão de dólares em empréstimos bancários, e tem que pagar em juros de três bônus 54 milhões de dólares até novembro.
O não pagamento dos juros evidencia a relutância das donas da Samarco em oferecer mais recursos para a empresa, após aceitarem pagar até 20 bilhões de reais em multas e compensações relativas ao desastre de Mariana.
(Reportagem adicional de Guillermo Parra-Bernal)