Temer cobra fim do "isolacionismo" do Brasil e defende mais acordos comerciais
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Ao abrir sua primeira reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), o presidente Michel Temer cobrou mais esforços para romper o isolacionismo do Brasil e afirmou que o país precisa vencer gargalos de infraestrutura para melhorar sua competitividade externa.
"É preciso dedicar mais esforços a acordos com parceiros selecionados. Precisamos romper o relativo isolamento externo dos últimos anos. Negociamos poucos acordos, insuficientes em número e em impacto efetivo sobre o nosso intercâmbio com o resto do mundo", disse o presidente.
Esta foi a primeira reunião da Camex sob a presidência direta de Temer. Ao assumir, ainda interinamente, Temer, a pedido do ministro das Relações Exteriores, José Serra, retirou a Camex do então Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - agora Indústria, Comércio Exterior e Serviços - e a vinculou diretamente à Presidência da República.
O presidente cobrou, também, que o Brasil recupere o "espaço perdido relativo" das exportações brasileiras na América Latina, principal mercado dos produtos brasileiros, e falou mais uma vez em mudanças no Mercosul.
"Estamos retomando o caminho da normalidade. Precisamos de um Mercosul ágil e moderno, que sirva de plataforma para que atuemos fortalecido no cenário internacional", disse.
"Isso exige o enfrentamento de muitas questões. Da revisão da estrutura tarifária do bloco até a celebração de acordos em novas áreas. Da eliminação de barreiras ao comércio intrabloco à modernização dos procedimentos, muitas vezes lentos e excessivamente burocráticos".
Temer voltou a dizer que o Brasil pode melhorar muito sua inserção no comércio internacional, mas que isso exige uma política mais eficiente de comércio exterior.
"Essa política tem que passar, em primeiro lugar, pela redução do custo Brasil. Gargalos de infraestrutura e outros fatores que encarecem as exportações brasileiras têm que ser seriamente atacados", disse o presidente, acrescentando que o governo precisa pensar também em uma readequação da estrutura tarifária.
Em ranking sobre competitividade econômica preparado pelo Fórum Econômico Mundial e divulgado na terça-feira, o Brasil perdeu mais seis posições e hoje tem a 81ª posição. É a pior posição desde que o levantamento passou a ser feito, em 1997.
O ranking, que avalia temas como instituições, infraestrutura, ambiente macroeconômico, saúde e educação primária, educação superior e treinamento, eficiência do mercado de bens, eficiência do mercado de trabalho, desenvolvimento do mercado financeiro, prontidão tecnológica, tamanho de mercado, sofisticação empresarial e inovação, avalia 138 países.
O Brasil perde posições há quatro anos e está atrás de, entre outros, Chile, Peru e Uruguai, na América do Sul, e Irã, Botsuana e Vietnã.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)