Dólar volta a R$3,25 com aversão a risco por preocupações com Deutsche Bank
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançou mais de 1 por cento nesta quinta-feira e retomou o nível de 3,25 reais, patrocinado por um movimento de aversão a risco depois que notícia veiculada pela agência Bloomberg gerou preocupações com o maior banco alemão, o Deutsche Bank.
O dólar fechou em alta de 1,05 por cento, a 3,2555 reais, maior nível desde o último dia 20 (3,2610 reais). Na mínima da sessão, a moeda marcou 3,2150 reais e, na máxima, 3,2698 reais.
O dólar futuro avançava cerca de 1,32 por cento nesta tarde.
Os ADRs (recibos de ações negociados nos Estados Unidos) do banco alemão recuaram fortemente depois que a agência Bloomberg informou que alguns fundos de hedge desmontaram posições e retiraram parte do dinheiro alocada na instituição.
Após a divulgação da notícia, um porta-voz do banco alemão disse estar confiante de que a grande maioria dos clientes comerciais do banco vê o grupo com posição financeira estável.
"O movimento no dólar foi instantâneo, houve claramente flight to quality, com saída de recursos dos emergentes", disse o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer. "O dinheiro foi principalmente para o T-bond de 10 anos", comentou, em referência as títulos do Tesouro dos Estados Unidos de 10 anos.
No final da tarde, o dólar subia ante outras divisas emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano
O dólar oscilou entre altas e quedas mais cedo na sessão, ora reagindo a fluxo de ingresso de recursos e notícias com viés baixista, como o anúncio de leilão de linha na manhã de sexta-feira, ora valorizando em meio a dados melhores sobre a economia norte-americana, que reforçaram as apostas de alta dos juros na maior economia do mundo em dezembro.
A economia dos EUA cresceu 1,4 por cento no segundo trimestre, ligeiramente acima do 1,3 por cento estimado em pesquisa Reuters e ante crescimento de 1,1 por cento divulgado no mês passado.
Na noite de quarta-feira, o Banco Central anunciou a realização na sexta-feira de leilão de até 4 bilhões de dólares com compromisso de recompra, sendo 1,6 bilhão de dólares em dinheiro novo e o restante, rolagem.
"O BC fez leilão de linha em todos os meses deste ano, trata-se de uma ferramenta de controle de liquidez que ele usa para evitar distorções no mercado. Acho que ele anunciou ontem para tirar a volatilidade. Mas ainda está nebulosa a razão sobre a oferta de 1,6 bilhão de dólares em dinheiro novo", comentou o operador corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado.
Esse vaivém de mais cedo foi intensificado pela formação da Ptax de final de mês, que é a taxa de câmbio usada para liquidação dos derivativos cambiais, na sexta-feira.
"A pressão da Ptax não tende a ser para cima sempre. Mas sempre gera muita movimentação e o leilão de linha pode ser para evitar o excesso de especulação no mercado", disse Alessie Machado.