Ofensiva de forças sírias contra Aleppo aproxima rebeldes moderados de jihadistas
Por Suleiman Al-Khalidi e Tom Perry
AMÃ/BEIRUTE (Reuters) - Uma ofensiva de forças pró-governo da Síria contra Aleppo com o auxílio da Rússia está levando rebeldes nacionalistas a trabalharem cada vez mais estreitamente com jihadistas, complicando ainda mais uma política ocidental centrada no apoio à oposição moderada ao presidente sírio, Bashar al-Assad.
No momento em que o governo realiza um ataque feroz à cidade, alguns rebeldes moderados dizem que o fracasso do Ocidente na Síria não lhes deixou outra escolha além de se coordenarem mais intensamente com grupos jihadistas, o oposto do que a política dos Estados Unidos tem tentado concretizar.
Em Aleppo, os rebeldes que combatem sob a bandeira do Exército Livre da Síria estão compartilhando o planejamento operacional com a Jaish al-Fatah, aliança de grupos islâmicos que inclui o Jabhat Fateh al-Sham, que era o braço sírio da Al Qaeda até romper as relações em julho.
Enquanto isso, na província próxima de Hama, grupos pertencentes ao Exército Livre da Síria e armados com mísseis antitanque dos EUA estão participando de uma grande ofensiva com o grupo Jund al-Aqsa, inspirado na Al Qaeda, que desviou parte do poder de fogo do Exército de Aleppo.
Essa não era a escolha preferida dos rebeldes do Exército Livre da Síria. Eles têm diferenças ideológicas profundas com os jihadistas e chegaram até a combatê-los algumas vezes. Um líder rebelde veterano disse que qualquer tipo de fusão política com os jihadistas continua fora de questão.
Mas a sobrevivência é a principal preocupação diante da dificuldade do Ocidente para encontrar alguma maneira de impedir que Damasco e seus aliados russos e iranianos levem adiante uma campanha que ameaça devastar o bastião urbano mais importante dos rebeldes, o leste de Aleppo.
"Em um momento no qual estamos morrendo, não é lógico verificar primeiro se um grupo é classificado como terrorista ou não antes de cooperar com ele", disse um membro de alto escalão de uma das facções rebeldes sediadas em Aleppo. "A única opção que você tem é ir nesta direção".
Potências ocidentais e inimigos regionais de Assad, entre eles a Turquia e a Arábia Saudita, fizeram do apoio aos rebeldes do FSA uma grande parte de sua política para a Síria e lhes deram armas por meio de centros de coordenação administrados pelos adversários estrangeiros de Assad.
Os EUA, porém, vêm se mostrando cautelosos a respeito do grau de apoio dado a estes grupos, opondo-se às remessas de mísseis antiaéreos devido ao temor de que possam acabar nas mãos de grupos jihadistas.