Parlamentares dos EUA se preocupam com lei do 11 de Setembro um dia após rejeitarem veto

Por Patricia Zengerle e Richard Cowan

WASHINGTON (Reuters) - Parlamentares norte-americanos expressaram dúvidas nesta quinta-feira sobre a legislação do 11 de Setembro que eles impuseram ao presidente Barack Obama, dizendo que a nova lei, que abre caminho para processos judiciais contra a Arábia Saudita, poderia ser restringida para aliviar as preocupações sobre os seus efeitos para norte-americanos no exterior.  

Um dia depois de uma rara e esmagadora rejeição a um veto presidencial, a primeira em oitos anos de governo Obama, os líderes republicanos do Senado e da Câmara dos Deputados levantaram a possibilidade de consertar a lei, ao mesmo tempo que culparam o democrata Obama por não consultá-los da forma adequada.

"Eu acho, sim, que vale mais discussão”, afirmou Mitch McConnell, líder da maioria no Senado, a jornalistas, reconhecendo que o “Ato Justiça Contra Patrocinadores de Terrorismo” poderia ter “consequências em potencial”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, afirmou que o Congresso poderia ter que “consertar” a legislação para proteger as tropas norte-americanas em particular.

Ryan não deu um prazo, mas o senador republicano Bob Corker, presidente do Comitê de Relações Externas do Senado, disse que pensava que o ato poderia ser tratado em sessão de final de mandato do Congresso, depois das eleições de 8 de novembro.

A lei garante uma exceção ao princípio legal de imunidade soberana em casos de terrorismo em território norte-americano, abrindo o caminho para que as famílias de vítimas dos ataques entrem com processo pedindo compensação do governo saudita. Riad nega as suspeitas de que apoiou os sequestradores que atacaram os Estados Unidos em 2001. Dos 19 sequestradores, 15 eram sauditas.

Riad é um dos aliados mais antigos e mais importantes de Washington no Oriente Médio e parte da coalizão dos EUA que combate o Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

A lei aprovada contribui com as tensões entre os norte-americanos e sauditas, após atrito por causa do acordo nuclear de 2015 de Obama com o Irã, rival da Arábia Saudita, mas não se espera que ela tenha um efeito duradouro na relação.

A relação entre os dois países têm passado por “ultrajes profundos múltiplas vezes” em 70 anos, disse Thomas Lippman, um especialista em Arábia Saudita do Instituto do Oriente Médio.

"Os dois países precisam um do outro tanto hoje quanto precisavam no dia anterior a ontem”, afirmou.

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