Partido Socialista da Espanha tem rebelião contra líder em tentativa de evitar outra eleição
Por Angus Berwick e Blanca Rodríguez
MADRI (Reuters) - O prolongado impasse político da Espanha sofreu a reviravolta mais dramática em nove meses quando a liderança do Partido Socialista (PSOE), o principal de oposição, se dividiu devido à renúncia em massa de integrantes que tentam depor o líder da legenda e evitar uma terceira eleição nacional.
A disputa entre o PSOE, liderado por Pedro Sánchez, e o conservador Partido Popular (PP) --que obteve a maioria dos votos, mas não conquistou a maioria parlamentar, em duas votações inconclusivas-- frustrou esforços reiterados para se formar um governo.
Diante da contagem regressiva para uma possível terceira eleição nacional em dezembro, os rebeldes socialistas torcem para se livrar de Sánchez e buscam maneiras de romper o impasse, incluindo uma possível abstenção em uma moção de confiança para permitir que o primeiro-ministro espanhol interino, Mariano Rajoy, continue no poder.
Na quarta-feira, os 17 rebeldes renunciaram ao comitê executivo de 38 membros do PSOE, que já havia perdido três integrantes, e pediram que Sánchez, responsável pelo pior resultado eleitoral do partido em junho, entregue o cargo.
Em uma moção de confiança realizada em agosto, Sánchez se recusou a permitir a formação de um governo de minoria liderado por Rajoy, cujo partido ele acusa de ser corrupto e comprometido com a austeridade.
Os rebeldes afirmaram que o comitê, a maior instância administrativa do partido, precisa ser dissolvido agora e alguma forma de administração provisória ser adotada. Em seguida uma conferência partidária teria que escolher um novo líder dentro de algumas semanas.
"A liderança deste partido acabou, metade deles mais um renunciaram", disse Verónica Pérez, uma das rebeladas, aos repórteres nesta quinta-feira do lado de fora da sede do PSOE em Madri. "Eles podem se proteger e se entrincheirar, mas é uma questão de dignidade", disse ela, que é representante da legenda em Sevilha, a respeito de Sánchez e seus apoiadores remanescentes.
Os rebeldes, que segundo fontes internas são liderados por Susana Diaz, poderosa representante da Andaluzia, dizem que querem forçar Sánchez a sair antes de uma assembleia do partido marcada para sábado, e na qual ele disse querer dar início a uma disputa pela liderança que provavelmente venceria com o apoio de membros da base da legenda.
Os partidos têm até o dia 31 de outubro para formar um governo, ou uma nova eleição será convocada, prolongando a incerteza que vem eclipsando a recuperação econômica espanhola e deixando o país à deriva em relação a seus parceiros internacionais. O Banco da Espanha, porém, elevou sua previsão de crescimento para 2016 nesta quinta-feira.