Petroleiros rejeitam proposta da Petrobras e podem entrar em greve
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os funcionários da Petrobras rejeitaram em assembleias a proposta sobre Acordo Coletivo de Trabalho da companhia e aprovaram com mais de 95 por cento dos votos os indicativos de estado de greve, informou a Federação Única dos Petroleiros (FUP), nesta quinta-feira.
Dessa forma, os trabalhadores podem entrar em greve a qualquer momento, embora uma data não tenha sido definida. Na tarde desta quinta-feira, a FUP volta a se reunir com a Petrobras e cobrará uma nova proposta.
A federação representa 14 sindicatos, inclusive o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), dos funcionários da Bacia de Campos, responsável por 60 por cento da produção de petróleo do Brasil.
Os petroleiros discordam da proposta de reajuste salarial, além de alegar a perda de direitos e de se colocarem contra um plano bilionário de venda de ativos da empresa, que tem como meta atingir 34,6 bilhões de dólares entre 2015 e 2018.
Enquanto luta para melhorar sua saúde financeira, já que acumula a maior dívida da indústria de petróleo do mundo, a Petrobras ofereceu reajuste salarial anual abaixo da variação da inflação, e também propôs um corte de pagamentos de horas extras e turnos de trabalho regulares.
Com a rejeição da proposta da Petrobras, os funcionários iniciaram nesta quinta-feira a chamada "operação Para Pedro", em referência ao nome do presidente da estatal, Pedro Parente.
A operação consiste no cumprimento rigoroso de todos os procedimentos e itens de segurança previstos pelas Normas Regulamentadoras e pela ANP. A medida pode causar atrasos nos processos.
Em Campos, os petroleiros organizaram nesta quinta-feira o que eles chamam de "trancaço" no heliporto do Farol, com o objetivo de impedir voos de funcionários para plataformas.
"Com a operação deflagrada nesta quinta, 29 começa a construção de uma greve nacional, que precisará de muita unidade da categoria", afirmou o Sindipetro-NF, em uma nota em seu site.
Já os sindicatos filiados à Federação Nacional dos Petrobras (FNP) também rejeitaram a proposta da Petrobras e aprovaram a realização de uma greve.
A federação, que representa cinco sindicatos, prevê realizar atividades na porta de unidades da Petrobras em diversos Estados nesta quinta-feira.
Procurada, a Petrobras informou que a mobilização proposta pelo movimento sindical não afetou as operações na manhã desta quinta-feira. "A companhia reitera que mantém diálogo permanente junto aos representantes da força de trabalho."
Em entrevista à Reuters na semana passada, o presidente da Petrobras afirmou que a empresa está com os esforços voltados para reduzir a dívida "o mais rápido possível" e pediu compreensão dos sindicatos.
"A gente tem sido muito respeitoso e transparente com os sindicatos e nós esperamos que eles tenham uma contrapartida também de entender que o sucesso da Petrobras não interessa somente a sua direção, mas é do interesse de todos, inclusive de seus próprios sindicatos", disse Parente.
(Por Marta Nogueira e Jeb Blount)