Risco do Zika para fetos pode ser maior do que se pensava, diz especialista
Por Bill Berkrot
BOSTON (Reuters) - O risco representado pelo vírus Zika para fetos em desenvolvimento é provavelmente bem maior do que as estimativas atuais sugerem, disse uma importante autoridade de saúde dos Estados Unidos nesta quinta-feira.
A microcefalia, a má-formação craniana de recém-nascidos, é um dos vários problemas associados ao Zika cada vez mais vistos em crianças nascidas de mães infectadas com o vírus durante a gravidez.
Outros tipos de problemas de nascimento observados incluem convulsões, surdez, cegueira e uma gama de anormalidades neurológicas e de desenvolvimento.
Neste ano, uma análise norte-americana estimou o risco da microcefalia após a infecção da mãe com o vírus durante o primeiro trimestre de gravidez entre 1 por cento e 13 por cento.
Esse dado não inclui o risco geral de problemas de nascimento, afirmou Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, durante um debate sobre o Zika.
"Se você está falando sobre qualquer defeito congênito, eu acho que vai ser muito maior do que 13 por cento”, declarou ele. “Acho que vamos ver algo muito perturbador.”
O debate foi organizado pela Escola de Saúde Pública T. H. Chan de Harvard, em colaboração com a Reuters.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o Zika uma emergência de saúde global em fevereiro. O vírus transmitido por mosquito tem se espalhado rapidamente pelas Américas. O Brasil é o país mais atingido até agora. Na quarta-feira, o Congresso norte-americano aprovou um fundo de 1,1 bilhão de dólares para a pesquisa e o combate ao Zika.
Falando no mesmo debate sobre o Zika na quinta, Marcia Castro, professora de demografia em Harvard, afirmou que médicos no Brasil estudam a onda inicial de bebês atingidos pelo Zika, que agora chegam ao primeiro aniversário.
Além de convulsões, agitação e choro frequente, essas crianças também exibem um tipo grave de refluxo que as impede de comer, disse ela, acrescentando que não está claro quanto tempo essas crianças vão viver.
“Um estudo com camundongos mostra que o Zika afeta o cérebro de um adulto”, declarou ela, com impactos para a memória a longo prazo e a depressão.
Até 17 de setembro, o Brasil tinha confirmado 1.949 casos de microcefalia associada ao Zika, a maior parte no Nordeste. Outros 3.030 casos estavam sendo investigados.