Vale fecha acordo de US$768 mi em venda de ativos para Mitsui
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora Vale informou nesta quinta-feira que fechou acordo para receber 768 milhões de dólares com a venda de participações na mina de carvão de Moatize e no Corredor Logístico de Nacala (CLN), em Moçambique, à japonesa Mitsui.
A maior produtora de minério de ferro do mundo, que busca até 2017 reduzir sua dívida líquida em 10 bilhões de dólares com medidas como os desinvestimentos, havia anunciado o acordo com a companhia japonesa no fim de 2014, mas novos termos do negócio só foram fechados agora.
O acerto com a Mitsui no país africano integra uma meta de a companhia obter com vendas de ativos de 4 bilhões a 6 bilhões de dólares, no biênio 2016-2017, nos chamados "negócios anunciados" --essa nova meta revisada na véspera, aliás, ficou 1 bilhão de dólares abaixo da projeção divulgada no início do mês.
No acordo revelado nesta quinta-feira, a Vale ainda vê avançadas negociações para obter financiamentos de 2,7 bilhões de dólares por meio de project finance para o Corredor Logístico de Nacala, que está em "ramp-up" e registrou transporte de 1,655 milhão de toneladas pela ferrovia no segundo trimestre.
"Continuamos trabalhando no project finance, que aliás está bastante adiantado com diversas instituições financeiras internacionais, incluindo bancos japoneses...", disse o presidente da Vale, Murilo Ferreira, em vídeo, ao comentar o assunto.
Segundo a brasileira, nos termos anunciados nesta quinta-feira, a Mitsui acordou em pagar 255 milhões de dólares por 15 por cento da fatia de 95 por cento que a Vale tem na mina de carvão de Moatize.
A Mitsui também pagará 348 milhões de dólares por 50 dos 70 por cento de participação que a mineradora tem no corredor logístico, que prevê conectar Moatize ao porto de Nacala.
Um empréstimo da Mitsui de "longo prazo" para o CLN, de 165 milhões de dólares, também está previsto no novo acordo.
No comunicado, a Vale explicou ainda que uma contribuição adicional de até 195 milhões de dólares podem ser pagos pela Mitsui pela participação na mina, condicionados ao atingimento de certas condições, incluindo o desempenho da mina.
A produção de Moatize foi de 1,251 milhão de toneladas no segundo trimestre de 2016, segundo o último relatório de produção da Vale.
DESINVESTIMENTOS
No plano de desinvestimento total para 2016-2017, que inclui "negócios anunciados" como Moatize, potenciais e já concluídos neste ano, agora a Vale espera obter até 13,1 bilhões de dólares, ante cerca de 14 bilhões previstos anteriormente.
Tais negócios, em um período de baixa dos preços do minério de ferro, a principal commodity da Vale, buscam fazer frente a projetos como o de Moçambique estimado inicialmente em cerca de 4,4 bilhões de dólares, dos quais cerca de 2 bilhões de dólares já foram empenhados, segundo informação recente divulgada pela empresa sobre o assunto.
A Vale disse ainda que a conclusão da transação de equity do acordo em Moçambique continua relacionada ao êxito da conclusão do project, segundo a Vale.
"Este é um projeto muito importante, não só para Vale, mas também para Brasil e Japão, países que estão representados em Moçambique em momento em que ao carvão volta a ter um fôlego significativo em termos de preço", afirmou Ferreira.
Em uma conferência recente com analistas, o presidente da Vale havia afirmado ter a expectativa de que o acordo com a Mitsui fosse fechado ainda neste ano, como forma de contribuir com seu plano de desinvestimentos.
Além dos até 6 bilhões de dólares em vendas de ativos, a Vale prevê obter de 4 bilhões a 6 bilhões de dólares em desinvestimentos "potenciais" de ativos essenciais. Fecham a meta de venda de ativos 1,1 bilhão de dólares em negócios já efetivados.
A Vale não detalha quais seriam os ativos essenciais, que incluiriam empreendimentos de minério de ferro, entre outros.
(Por Marta Nogueira)