Com 9% dos candidatos nesta eleição, PMDB quer ampliar base para 2018

Por Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - Maior partido do Brasil, o PMDB concentra nesta eleição municipal praticamente nove por cento de todos os candidatos registrados no país e, depois de herdar o Palácio do Planalto com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o partido mira o crescimento das suas bases em 2016, de olho em uma candidatura própria para suceder Michel Temer em 2018.

Apesar da capilaridade do partido, que sempre reuniu um enorme número de prefeitos e vereadores --996 prefeituras nas últimas eleições--, o PMDB só chegou três vezes à Presidência da República, nenhuma delas pela via eleitoral direta.

Em março deste ano, ainda sem uma chance clara de obter a Presidência via impeachment, o partido já planejava o desembarque do governo de Dilma Rousseff, pessimamente avaliado, de olho na possibilidade de lançar um candidato próprio, e viável, em 2018. Para isso, queria ampliar o máximo possível a base nos municípios, onde tem mais força.

"O PMDB sairá das eleições de domingo como o partido mais votado e elegerá o maior número de prefeitos. Essa eleição é um momento de afirmação política para o PMDB, que servirá de base para as transformações que o partido quer fazer no país", disse à Reuters o senador Romero Jucá (RR), presidente do partido, através de um aplicativo de mensagens.

Segundo Jucá, o partido vai mais que dobrar o número de prefeitos de capitais, chegando a cinco. Na verdade, o partido está na frente em quatro delas - Porto Alegre, Florianópolis, Boa Vista e Goiânia--, e pode disputar o segundo em outras duas, Maceió e Rio de Janeiro.

A capital fluminense, no entanto, é um problema para o partido. A insistência do atual prefeito, Eduardo Paes, de lançar seu secretário de coordenação de governo, Pedro Paulo Teixeira --acusado de ter batido na ex-mulher-- incomodou a cúpula do partido.

Nas últimas pesquisas, Pedro Paulo aparecia em segundo lugar, mas empatado com o candidato do PSOL, Marcelo Freixo, com 10 pontos percentuais. O peemedebista, no entanto, aparece com uma tendência de queda e pode acabar fora do segundo turno.

O PMDB também vai mal em São Paulo, maior cidade do país, base eleitoral do presidente Michel Temer. Mesmo no Palácio do Planalto a avaliação é de que a aposta em Marta Suplicy, oriunda do PT, não teve uma boa resposta.

Em um limbo político, Marta não pode usar sua experiência como prefeita, entre 2004 e 2008, para não lembrar o eleitor que foi do PT, partido com enorme rejeição. Ao mesmo tempo, não conquista seus antigos eleitores que, mesmo tendo simpatia por sua gestão, a acusam de ter traído seu partido de origem, analisou uma fonte.

FORÇA NOS GROTÕES

Mesmo que cresça nos grotões, a tendência é que o PMDB perca as maiores capitais do país.

Além de São Paulo e Rio de Janeiro, também não vai bem em Belo Horizonte e, na região Nordeste --onde o partido mira entrar para ocupar um espaço ainda muito simpático ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e essencial para qualquer candidato presidencial em 2018-- também não tem candidatos viáveis ou aparece apenas em coligações.

"Um elemento que durante muito tempo comandou as decisões da direção do PMDB a não concorrer à Presidência da República é que era muito mais lucrativo se aliar a um partido com chances reais de ganhar", analisa Roberto Romano, professor de ética e política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

"O PMDB escolhe estar no Legislativo, estar nos Estados, nas prefeituras, o que lhe dá uma força muito grande para negociar apoios."

Para Romano, a Presidência da República caiu no colo do PMDB, que não estava preparado para isso - apesar do partido ter já planos para 2018. Ao desembarcar do governo de Dilma Rousseff, a meta do PMDB, alegavam seus dirigentes, era preparar uma candidatura forte para a sua sucessão. Um nome que não seria o de Michel Temer.

"Não vislumbro entre as lideranças do PMDB ninguém que possa concorrer à Presidência. Ou porque ameaçadas pela (operação) Lava Jato ou porque não tem força nacionalmente", disse Romano.

Dentro do próprio partido há quem concorde com a avaliação. De acordo com uma fonte, é verdadeiro que o PMDB hoje não tem um nome para concorrer - nem o de Michel Temer que, mesmo da Presidência, tem uma aprovação entre 10 e 12 por cento, semelhante à de Dilma Rousseff ao ser afastada do governo.

Ainda assim, a expectativa do partido de um bom resultado nessas eleições é bem fundamentada. São 2.382 candidatos à prefeito, 39 mil candidatos a vereador, 1.785 candidatos a vice-prefeitos - os maiores números entre todos os partidos.

"Desde a época da ditadura o PMDB ampliou suas bases municipais e estabeleceu uma rede altamente capacitada no sentido de angariar voto. Pelo interior do Brasil, o PMDB tem uma rede de coleta de votos extremamente sofisticada e bem azeitada. Não tenho dúvidas que o resultado para o PMDB será favorável, se não estrondoso", disse Romano.

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