Governo mobiliza aliados para votações na próxima semana, após 1º turno de eleições

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - O governo investiu na articulação e mobilizou sua base para conseguir votar projetos prioritários na Câmara dos Deputados já na próxima semana, mesmo diante da "ressaca" após o primeiro turno das eleições municipais, quando vencedores estarão ocupados em cumprir acordos e perdedores estarão lambendo as feridas, sem contar os que ainda estiverem planejando sua estratégia para a segunda rodada de votação.

Após conversas com lideranças aliadas --incluindo um jantar com o presidente Michel Temer, e um café da manhã com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)-- governistas exibem otimismo e garantem que haverá quórum para votar na próxima semana.

Entre os itens da pauta, estão o projeto que desobriga a Petrobras de ser a operadora única e de ter participação mínima de 30 por cento nas explorações do pré-sal e outro que altera regras para a regularização de recursos não declarados no exterior, além da previsão de votação na comissão especial da Proposta de Emenda à Constituição que limita os gastos públicos.

"Não vejo essa influência todas das eleições, não... muitos dos deputados têm compromisso mais com municípios do interior, acho que não impede a presença", disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).

Outro parlamentar que participa ativamente das negociações afirmou à Reuters que "sanções administrativas", como corte do salário a quem faltar às votações, devem ajudar a tornar "robusto" o quórum da Câmara.

Nem mesmo o líder da bancada do agora oposicionista PT, Afonso Florence (BA), duvida da capacidade de articulação do governo. Ele ressalta, porém, que, havendo mesmo quórum, a oposição terá como foco as distensões da base governista.

"Pela fama de Michel Temer --veja, ele era o articulador político da presidenta (Dilma), e depois articulou o golpe-- é de se supor que eles tenham trabalhado", afirmou Florence.

"Vai depender de até onde eles compactaram a base depois da cassação de Eduardo Cunha. Se eles conseguiram recompor a base... é possível que consigam maioria", disse.

Para o professor de ética e política da Unicamp Roberto Romano, pode não ser simples conseguir um quórum forte o suficiente para votar medidas mais delicadas.

"As duas possibilidades são viáveis, mas eu diria que é muito complicado ter quórum qualificado para votar determinadas matérias", avaliou Romano.

"Quem ganhou vai estar ampliando sua base, estabelecendo suas relações, e quem perdeu vai ter que replanejar toda a sua vida. Além disso você tem a necessidade dos partidos de repensar o que fizeram no decorrer do período eleitoral."

Governistas garantem que a base está mais unida, o que facilita o cumprimento dos compromissos assumidos com o Palácio do Planalto.

"Já está harmonioso, já esta ficando uma coisa mais coesa, agora é oposição e governo", disse Imbassahy.

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