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Irã aceita conversar se EUA retirar sanções e líder supremo permitir, diz ministro

22.jun.2019 - Em Teerã, capital do Irã, mulher passa em frente a pintura no muro da antiga embaixada dos EUA. A pintura retrata a Estátua da Liberdade como uma caveira - Atta Kenare/AFP
22.jun.2019 - Em Teerã, capital do Irã, mulher passa em frente a pintura no muro da antiga embaixada dos EUA. A pintura retrata a Estátua da Liberdade como uma caveira Imagem: Atta Kenare/AFP

Por Parisa Hafezi

Em Dubai

04/07/2019 09h02

O ministro da Inteligência iraniano, Mahmoud Alavi, disse que Irã e Estados Unidos poderiam conversar se os EUA eliminarem as sanções e a maior autoridade iraniana, o aiatolá Ali Khamenei, der sua aprovação, relatou a agência de notícias estatal Irna hoje.

"Conversar com a América pode ser revisto pelo Irã só se (o presidente dos EUA, Donald) Trump suspender as sanções e nosso líder supremo der permissão para se realizar tais conversas", disse Mahmoud Alavi na noite de ontem.

"Os americanos ficaram com medo do poderio militar do Irã, esta é a razão por trás da decisão de abortar a decisão de atacar o Irã", acrescentou.

No mês passado, Trump disse que abortou um ataque militar para retaliar o Irã pela derrubada de um avião não tripulado dos EUA sobre o Estreito de Hormuz em 20 de junho porque este poderia ter matado 150 pessoas, e sinalizou estar aberto para conversas com o Irã.

Teerã disse que o avião de vigilância foi abatido por um míssil terra-ar iraniano no espaço aéreo do país, enquanto Washington disse ter sido no espaço aéreo internacional.

A tensão bilateral aumentou desde o ano passado, quando Trump tirou os EUA de um acordo nuclear de 2015 entre o Irã e seis potências e reativou sanções que haviam sido suspensas devido ao pacto em troca de Teerã restringir suas atividades nucleares sigilosas.

Conforme o acordo, o Irã pode enriquecer urânio até obter material físsil de 3,67%, bem abaixo dos 20% que estava alcançando antes do acordo e dos cerca de 90% adequados a uma arma nuclear.

Em reação às sanções dos EUA --que visaram sobretudo as exportações de petróleo cru, sua principal fonte de receita externa--, o Irã disse em maio que reduziria seus compromissos com o pacto.

Em sua primeira grande violação do pacto, Teerã anunciou na segunda-feira que acumulou mais urânio pouco enriquecido do que o permitido.

Na quarta-feira, o regime disse que elevará seu enriquecimento de urânio para qualquer nível que precise acima do teto estabelecido pelo acordo depois de 7 de julho. Trump respondeu: "Cuidado com as ameaças, Irã. Elas podem se voltar contra vocês como nunca se voltaram contra ninguém".

Desafiando o alerta, Teerã disse que se aterá ao plano de reduzir ainda mais seus compromissos nucleares.

"Ao sair do acordo nuclear, Trump feriu o caminho da diplomacia... o melhor antídoto para todas as ameaças é uma resistência ativa", disse Keyvan Khosravi, porta-voz do Supremo Conselho Nacional de Segurança.