Irã afirma ter violado limite de urânio estabelecido por acordo nuclear
O Irã ultrapassou o limite de seu estoque de urânio enriquecido estabelecido no acordo nuclear de 2015, afirmou o ministro do Exterior iraniano, Mohammad Javad Zarif, hoje. A violação desafia uma advertência dos signatários europeus que defendem a manutenção do acordo, apesar de sanções econômicas dos EUA.
"Segundo as informações de que disponho, o Irã superou o limite de 300 quilos de urânio de baixo enriquecimento", disse Zarif à agência de notícias iraniana Isna.
A agência de notícias semioficial iraniana Fars também noticiou o fato, citando uma fonte afirmando que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) havia medido o estoque justamente nesta segunda-feira e também comunicou a violação do limite. Segundo a agência de notícias Reuters, o órgão das Nações Unidas ainda não comentou a afirmação.
O enriquecimento de urânio em um nível baixo, de 3,67% de material físsil, é o primeiro passo num processo que pode eventualmente possibilitar que o Irã acumule urânio altamente enriquecido necessário para construir uma ogiva nuclear. Em meados do mês passado, o Irã sinalizou que deveria ultrapassar seu limite de estoque de urânio de baixo enriquecimento até o dia 27 de junho.
Depois de conversas na última sexta-feira em Viena, o Irã afirmou que os signatários europeus ofereceram muito pouco em termos de assistência comercial para persuadir Teerã a desistir do plano de violar o limite de urânio enriquecido - uma resposta ao governo do presidente dos EUA, Donald Trump, que retirou seu país do acordo no ano passado e reinstituiu sanções econômicas.
O acordo nuclear entre o Irã e seis potências mundiais - EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha - suspendeu a maioria das sanções internacionais contra a República Islâmica em troca de restrições a seu programa nuclear.
No acordo nuclear, o Irã se comprometeu a não enriquecer urânio acima de 3,67%, cifra insuficiente para construir uma bomba atômica, mas que basta para produzir energia. Além disso, aceitou reduzir o seu estoque atual de cerca de dez toneladas de urânio com baixo enriquecimento para 300 quilos. Seu programa de enriquecimento de urânio ficou submetido a um amplo sistema de controle pelos próximos 20 anos. Teerã também aceitou diminuir o número total de centrífugas de 19 mil para cerca de 6 mil, e não conduzir pesquisas e desenvolvimentos relacionados com enriquecimento de urânio até 2030.
Teerã reiteradamente afirmou que seu programa nuclear existe apenas para fins pacíficos, que incluem a geração de energia.
Em maio, Washington aumentou a pressão sobre Teerã ao ordenar que todos os países suspendessem as importações de petróleo iraniano. Desde então, as tensões têm crescido no Golfo Pérsico. Os EUA enviaram militares adicionais ao Oriente Médio e caças americanos chegaram a receber o comando de executar ataques aéreos no Irã, após o abatimento de um drone americano - o ataque foi cancelado na última hora.
Em discurso transmitido ao vivo nesta segunda-feira na televisão estatal, Zarif voltou a desafiar os EUA. "O Irã nunca cederá à pressão dos Estados Unidos. Se quiserem conversar com o Irã, devem mostrar respeito. Nunca ameace um iraniano. O Irã sempre resistiu à pressão e respondeu com respeito quando respeitado."
Trump pediu anteriormente por negociações com Teerã "sem condições prévias", mas o governo iraniano descartou participar de conversações até que os Estados Unidos retornem ao pacto nuclear e suspendam suas sanções econômicas.
O presidente da comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento Iraniano, Mojtaba Zolnour, alertou nesta segunda-feira que se os EUA atacarem seu país, Israel será destruído dentro de meia hora, segundo a agência semi-oficial Mehr.
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